Uma onda de manifestações tomou conta de várias cidades ao redor do mundo neste sábado (17). Milhares de venezuelanos, imigrantes e refugiados, se uniram em protesto para pressionar o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), sob domínio do governo de Nicolás Maduro, e exigir a divulgação das atas eleitorais referentes às eleições de 28 de julho.
As manifestações foram uma resposta ao chamado da líder de oposição venezuelana, María Corina Machado. Os protestos, que também ocorreram na Venezuela, foram registrados na Argentina, Chile, Canadá, Colômbia, Costa Rica, Equador, Estados Unidos, México, Panamá, Paraguai e Peru, além do Brasil.
Mais de 300 cidades registraram protestos, incluindo Miami, na Flórida. Em Madrid, a capital espanhola, a concentração na Praça Puerta del Sol foi destacada como a mais expressiva de todos os eventos globais, reunindo uma multidão significativa em apoio à oposição venezuelana e em repúdio ao governo do ditador Maduro.
Em São Paulo, a manifestação foi realizada em frente à estátua de Francisco de Miranda, militar venezuelano que lutou pela independência das colônias espanholas na América Latina. No Rio de Janeiro, os venezuelanos se concentraram em frente ao Hotel Copacabana Palace, na Avenida Atlântica, em frente à praia de Copacabana.
Aos gritos de “liberdade”, muitos levaram cópias das atas das urnas. O Hino Nacional da Venezuela também foi cantado durante os protestos.
Além das manifestações contra o regime de Maduro, houve críticas dirigidas aos governos de Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Gustavo Petro (Colômbia) e Andrés Manuel López Obrador (México), que têm promovido negociações com o governo venezuelano.
A Plataforma de Unidade Democrática (PUD), a maior coalizão oposicionista da Venezuela, liderada por Machado, alega que houve fraude nas eleições e defende que o verdadeiro vencedor do pleito foi o ex-diplomata Edmundo González Urrutia.
Dias após a eleição, a oposição criou um site e apresentou mais de 80% das atas, onde os números mostram a vitória esmagadora de González sobre Maduro.
Maduro também vai às ruas
As atas, folhas de votação que as urnas eletrônicas na Venezuela imprimem assim que o eleitor confirma o número de seu candidato, são a principal prova para demonstrar que o resultado foi fraudado.
Apoiadores de Maduro também realizaram atos na capital, Caracas, neste final de semana. Em seu discurso, o ditador acusou González de ter “fraudado” as eleições e chamou a oposição de “fascista”.
Oposição e a mensagem de esperança
Na manhã de sábado, antes de os protestos se espalharem pelo mundo, María Corina Machado gravou um vídeo com uma mensagem de otimismo e esperança aos apoiadores da oposição.
“O mundo reconhece que esta luta não tem volta; vamos alcançar uma transição para a democracia”, afirmou.
Machado subiu em um caminhão e percorreu as ruas de Caracas com discursos de protesto. Também por vídeo, González disse que “é hora de lutar por uma transição ordenada”.
Resolução da OEA
Nesta sexta-feira, a Organização dos Estados Americanos (OEA), incluindo o voto do Brasil, aprovou uma resolução exigindo que o ditador Maduro apresente as atas com o resultado final da eleição e comprove sua vitória.
Depois de declarações como “não ver nada de anormal nas eleições na Venezuela”, na semana passada, Lula mudou o tom e afirmou que “não reconhece” a vitória de Maduro.