A Venezuela sofreu nesta sexta-feira (30) seu apagão mais longo desde março de 2019 – quando o país rico em petróleo ficou vários dias às escuras – depois de sofrer uma queda de energia que interrompeu a vida cotidiana em um momento de crise política.
Depois de meio dia sem energia elétrica no país, a emissora estatal de televisão VTV disse que as autoridades continuavam a restaurar gradualmente o serviço, mas alguns internautas relataram oscilações em várias regiões, além de novos cortes em comunidades onde o fornecimento havia sido restaurado.
Segundo o governo venezuelano, a falha aconteceu às 4h50 (horário local; 5h50 de Brasília) devido a uma “sabotagem” que deixou Caracas e os 23 estados do país sem energia, alguns dos quais sofrem cortes ou oscilações de serviço quase que diariamente.
ONGs como a Ve Sin Filtro informaram que, em média, as conexões de internet caíram até 20% em todo o país, o que significa que oito em cada dez venezuelanos ficaram, pelo menos por algumas horas, sem acesso a redes sociais, métodos de pagamento digital e canais de comunicação eletrônica.
O apagão também limitou – em alguns casos completamente – o sinal de telefonia e deixou o metrô fora de serviço, assim como milhares de semáforos de trânsito, o que resultou em desordem para veículos e pedestres.
Suspeitos de sempre
Desde as primeiras declarações a respeito do apagão, o regime de Nicolás Maduro apontou a líder opositora María Corina Machado e o vencedor das eleições presidenciais apoiado por ela, Edmundo González Urrutia, como supostamente responsáveis por esse “ataque criminoso”, mas não apresentou provas.
Os ministros da Comunicação e do Interior, Freddy Ñáñez e Diosdado Cabello, respectivamente, alegaram que o apagão faz parte de um “plano de golpe” pelo qual acusam os líderes da oposição.
Diante da contingência, as Forças Armadas ativaram um plano “para cobrir qualquer situação em nível nacional”, conforme explicou o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, que destacou o envio de “uma centena de oficiais” para ajudar a resolver o apagão e que não houve perturbação da ordem pública.
Os militares, que de acordo com o regime, estão monitorando permanentemente as instalações elétricas, buscam preservar a “normalidade”, uma narrativa reforçada em todas as reportagens da VTV, que mostraram a restauração da energia em alguns setores e reiteraram as acusações contra a principal coalizão de oposição, a Plataforma Unitária Democrática (PUD).
De acordo com o regime, os hospitais estão funcionando sem problemas – uma afirmação contestada por vários cidadãos nas redes sociais – assim como os aeroportos.