Venezuela tem mais de 300 presos políticos apesar dos ‘perdões’, segundo ONG

Venezuela tem "o maior número de presos políticos na América"

07/09/2020 22:28 Atualizado: 08/09/2020 00:44

Por Agência EFE

A Venezuela tem 333 pessoas privadas de liberdade por motivos políticos, apesar dos 50 presos libertados na semana passada, após os “perdões” do ditador venezuelano Nicolás Maduro, afirmou segunda-feira a organização não governamental Foro Penal, que lidera a defesa destas causas no o país.

O “número atual de presos políticos é de 333 pessoas (…) apenas 13% dos presos políticos foram libertados com esses perdões”, disse o diretor da ONG, Alfredo Romero, em uma entrevista coletiva.

O advogado explicou que, embora o Executivo tenha anunciado 110 medidas de carência dominadas por “perdões”, menos da metade dos beneficiários mencionados no decreto presidencial eram pessoas privadas de liberdade que se consideravam presos políticos enquanto um caso se tratava alguém que foi detido por crimes comuns.

A ONG, que fala em 50 presos libertados desde segunda-feira passada, deu hoje a cifra de 53, sem especificar como e por que o número inicial foi aumentado.

Da mesma forma, outros 24 presos supostamente libertados já haviam sido liberados, mas tinham processo judicial aberto, o que, na opinião de Romero, deve ser indeferido, visto que o decreto assinado em 31 de agosto foi oficializado.

Dos restantes mencionados, seis “não tinham qualquer processo pendente” na Justiça e “26 foram investigados por motivos políticos mas não tinham processo aberto”, incluindo vários deputados da oposição que se encontram no exílio, escondidos ou protegidos em sedes diplomáticas.

O diretor do Fórum Penal insistiu que o decreto significa a extinção de qualquer processo judicial existente contra essas 110 pessoas e acredita que os motivos dessas medidas são puramente políticos porque, garantiu, há mais casos de pessoas presas injustamente que continuam detidas até hoje.

A Venezuela tem “o maior número de presos políticos na América”, observou ele.

Antonia Turbay, uma das quatro libertadas com cidadania espanhola, disse em entrevista coletiva que seus 14 meses de prisão constituem um episódio “muito difícil” de sua vida, pelo qual hoje sente que sua saúde “está comprometida”.

Chorando, a advogada de 67 anos acredita que a superação dessa experiência “levará tempo”, principalmente “psicologicamente”.

Sobre seus dias na cela, ela explicou que os carcereiros sempre demonstraram “muita consideração” por ela por ser a mais velha dos presos em seu corredor.

Turbay também diz que nos últimos meses adotou uma postura mais “rebelde” e “contestadora”. Ela frequentemente exigia que os guardas a libertassem, argumentando que desde 27 de julho de 2019 ela tinha uma votação de liberação que não se concretizou até que ela fosse “perdoada”.

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