O regime da Venezuela expressou nesta terça-feira (15) seu “respeito absoluto” pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, poucos dias depois de o procurador-geral do país, Tarek William Saab, descrevê-lo como um “porta-voz” da esquerda latino-americana “capturado” pela Agência Central de Inteligência (CIA) dos Estados Unidos.
O governo venezuelano se desvinculou da declaração, alegando que se trata de uma opinião “de caráter muito pessoal” de Saab.
“O Ministério das Relações Exteriores venezuelano expressa à opinião pública nacional e internacional, especialmente ao povo e ao governo do Brasil, que as recentes declarações emitidas pelo procurador-geral da República sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva correspondem a opiniões de caráter altamente pessoal e em nenhum momento refletem a posição do Executivo nacional”, segundo comunicado do órgão.
Em entrevista transmitida no domingo pelo canal Globovisión, Saab garantiu que foi “provado” que o presidente chileno, Gabriel Boric, é um “agente da CIA”, e “agora o segue”, segundo o procurador, o presidente brasileiro, que também foi “capturado”.
Além disso, Saab, que disse ter se encontrado com Lula, afirmou que o presidente brasileiro “não é o mesmo, nem em seu físico, nem em sua forma de se expressar”, em comparação com aquele que “fundou e proclamou os movimentos dos trabalhadores no Brasil” nas décadas de 1970 e 1980.
O regime venezuelano reafirmou nesta terça-feira seu compromisso de “construir laços de fraternidade e solidariedade” com o Brasil e expressou seu “respeito absoluto pela carreira de Lula” e “sua liderança”.
Lula, aliado histórico do chavismo, ainda não reconhece a fraudulenta reeleição de Nicolás Maduro, proclamada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) nas eleições presidenciais de 28 de julho, e pediu a divulgação dos resultados desagregados desse processo, algo que não foi feito, apesar de ter sido estabelecido no cronograma oficial de votação.
Da mesma forma, Lula insiste na possibilidade de continuar buscando a mediação conjunta de Brasil, Colômbia e México para promover o diálogo entre o ditador da Venezuela, Maduro, e a oposição, que denuncia a fraude e reivindica a vitória de seu candidato, Edmundo González Urrutia, atualmente exilado na Espanha.