Um drama silencioso está acontecendo neste momento na Venezuela. Trata-se da fome e da morte de crianças por desnutrição.
“Chegamos ao ponto em que crianças estão morrendo de fome. Ontem, uma menina morreu devido à desnutrição. Há vários casos de crianças hospitalizadas pelo mesmo motivo”, disse Carlos Ruiz, padre do Estado de Bolívar.
No mesmo hospital onde morreu a pequena Menca de Leoni, no estado de Bolívar ao sul do país, 41 mortes ocorreram devido à desnutrição até agora em 2017, afirmaram os médicos, que não quiseram revelar suas identidades por medo de represálias do governo. Todas elas são crianças vítimas da fome.
O irmão mais novo da garota falecida também está hospitalizado pela mesma causa e ele não é o único.
Este é Gilberto Mendoza. Sua vida está em perigo porque com 3 anos de idade ele pesa apenas 11 quilos.
No domingo (12), outro bebê morreu de fome em um hospital do estado de Falcón, no oeste do país.
“Mais de 60% da população infantil na Venezuela está subnutrida”, segundo o Observatório Venezuelano de Saúde.
Em junho de 2017, a BBC fez um vídeo perturbador que reflete a situação real das crianças expostas ao sofrimento da fome e da morte por falta de alimentos.
De acordo com o relatório da BBC, os últimos números publicados pelo Ministério da Saúde do país mostram um aumento da mortalidade infantil. Ao mesmo tempo, a Ong Cáritas detectou níveis alarmantes de desnutrição infantil nas províncias de Miranda, Vargas, Zulia e Distrito Capital.
Em Valles del Tuy, no estado de Miranda, a mãe de Germain disse que não sabe como ajudar seu filho, que pesa metade do que deveria aos 11 anos de idade.
A mesma preocupação tem a avó de Agnely. Sua neta, com 7 anos de idade e pesando 18 quilos, come apenas uma ou duas vezes por dia.
Caritas descobriu que “a desnutrição infantil atingiu 15% das crianças em agosto”, enquanto “33% da população infantil já dá mostras de um atraso no crescimento”, o que causa “danos físicos e mentais” que irão acompanhá-la ao longo de toda a vida”. De acordo com o mesmo relatório, a mortalidade materna aumentou 65% no último ano.
A grave escassez de alimentos e uma inflação na casa dos 700% empurram mais e mais pessoas a procurar comida no lixo.
“Atualmente, conseguir o que comer é uma verdadeira luta, de alguma maneira preciso alimentar minha filha”, disse uma mulher das ruas de Caracas.
A cada semana morrem de 5 a 6 crianças por desnutrição
No mês passado, Caritas advertiu que todas as semanas, 5 ou 6 crianças perdem a vida por esse motivo, e se a situação persistir, mais de 280 mil crianças poderão ter o mesmo destino.
“A situação é muito grave e precisamos da ajuda nacional e internacional para gerenciar a escala do desastre, nos mais altos níveis de tomada de decisão”, disse Susana Raffalli, especialista humanitária em emergências alimentares, que trabalha para a Caritas Venezuela.
“Os meios de subsistência foram degradados de tal forma que os mais pobres não têm recursos para enfrentar a situação, porque tudo desmoronou. Emprego, saúde, família, lar: as pessoas mais pobres perderam tudo”, disse ela.
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