Pessoas estão sendo presas de forma indiscriminada nas ruas da Venezuela, de acordo com a ONG Foro Penal, que atua na defesa de presos políticos no país há 20 anos.
Alfredo Romero, diretor da organização, relatou que “estão prendendo qualquer um que esteja andando na rua, independentemente de estarem ligados aos protestos.”
Além das denúncias sobre as detenções arbitrárias, o número de mortos já chega a 11. No balanço mais recente, divulgado na terça-feira (30), Romero demonstrou preocupação com o uso de armas de fogo nas manifestações.
“Há 11 pessoas mortas nesses protestos. Cinco foram assassinadas em Caracas, duas no Estado de Zulia, duas em Yaracuy, uma em Aragua e outra em Táchira. Estamos preocupados com o uso de armas de fogo nessas manifestações”, disse em entrevista.
Em um levantamento publicado na sexta-feira (2), o Foro Penal contabilizou 711 pessoas presas, dentre elas 74 adolescentes. O Ministério Público de Caracas divulgou números ainda mais altos, contabilizando 1.064 detidos. Entre os mortos, 5 foram na capital Caracas.
O presidente da Foro Penal pede pressão internacional, incluindo do presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva, para que cessem as detenções arbitrárias, os presos tenham acesso a advogados e o direito de defesa seja respeitado.
Romero também relata que esta é a terceira onda de detenções desde janeiro, quando o regime de Maduro começou a prender seletivamente pessoas ligadas à oposição, com 149 detenções registradas pela ONG.
Em um comunicado divulgado pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, Volker Türk, Alto Comissário para os Direitos Humanos, afirmou que a Venezuela “está em um ponto crítico” e pediu às autoridades que permitam protestos pacíficos.
“Estou alarmado com os relatos do uso desproporcional da força por parte dos responsáveis pela aplicação da lei, juntamente com a violência por parte de indivíduos armados que apoiam o governo, conhecidos como coletivos”, ele acrescentou.
“A Venezuela está em um ponto crítico. Peço às autoridades para respeitarem o direito de todos os venezuelanos de se reunirem e protestarem pacificamente e de expressarem as suas opiniões Em seu comunicado, Volker Türk pediu que as autoridades permitam que a população se manifeste “livremente e sem medo”.