‘Vamos manter posição’: organizadores do Comboio da Liberdade afirmam que não serão dissuadidos pelo Ato de Emergência

'Permaneceremos pacíficos, mas plantados no Parlamento até que os mandatos sejam definitivamente encerrados'

16/02/2022 10:02 Atualizado: 16/02/2022 10:02

Por Limin Zhou & Omid Ghoreishi 

OTTAWA — Os organizadores do Comboio da Liberdade afirmam que continuarão a protestar no Parliament Hill, apesar da declaração de estado de emergência pelo governo federal.

“Não temos medo. De fato, toda vez que o governo decide suspender ainda mais nossas liberdades civis, nossa determinação se fortalece e a importância de nossa missão se torna mais clara”, declarou a organizadora Tamara Lich, no dia 14 de fevereiro, antecipando a invocação do Ato de Emergência pelo primeiro-ministro, Justin Trudeau, para os protestos que exigem o fim dos mandatos da COVID-19.

“Permaneceremos pacíficos, mas plantados no Parliament Hill até que os mandatos sejam definitivamente encerrados. Reconhecemos que existe um processo democrático dentro do qual a mudança ocorre. Nunca saímos desse processo, nem pretendemos fazê-lo.”

Trudeau é o primeiro primeiro-ministro a usar o Ato de Emergência. A medida substitui a Lei de Medidas de Guerra, que foi usada pela última vez pelo pai de Trudeau, o então primeiro-ministro Pierre Trudeau, em 1970, durante a crise de outubro, quando separatistas de Quebec sequestraram e mataram o ministro do gabinete de Quebec, Pierre Laporte.

A lei dá ao Estado poderes adicionais para lidar com os protestos e bloqueios, como fornecer ferramentas legais para cortar o financiamento aos manifestantes, além de congelar as contas corporativas de empresas cujos caminhões são usados ​​em quaisquer bloqueios e retirar seus seguros.

A província de Ontário e a cidade de Ottawa também declararam estado de emergência devido aos protestos.

O primeiro-ministro Justin Trudeau se pronuncia aos repórteres sobre os protestos em andamento em Ottawa e bloqueios em várias fronteiras entre Canadá e EUA, no Parliament Hill, em Ottawa, no dia 11 de fevereiro de 2022 (Justin Tang/The Canadian Press)
O primeiro-ministro Justin Trudeau se pronuncia aos repórteres sobre os protestos em andamento em Ottawa e bloqueios em várias fronteiras entre Canadá e EUA, no Parliament Hill, em Ottawa, no dia 11 de fevereiro de 2022 (Justin Tang/The Canadian Press)

Os protestos foram iniciados por caminhoneiros contrários aos mandatos de vacinação contra a COVID-19 para viagens transfronteiriças. À medida que os comboios de caminhoneiros chegavam a Ottawa, muitos apoiadores se juntaram ao movimento, que se transformou em um protesto em larga escala contra todos os mandatos e restrições da COVID-19. Muitos manifestantes que convergiram para Ottawa no dia 29 de janeiro afirmam que pretendem ficar na capital até que os mandatos da COVID-19 sejam suspensos.

Separadamente, comboios de protesto montaram bloqueios nas passagens de fronteira em Ontário, Alberta, Manitoba e Colúmbia Britânica. O bloqueio na ponte Ambassador, que liga Windsor a Detroit, que movimenta centenas de milhões de dólares no comércio entre o Canadá e os Estados Unidos, foi liberado no fim de semana.

“O Ato de Emergência será utilizado para fortalecer e apoiar as agências de aplicação da lei em todos os níveis do país. Trata-se de manter os canadenses seguros, proteger os empregos das pessoas e restaurar a confiança em nossas instituições”, afirmou Trudeau.

“A polícia receberá mais ferramentas para restaurar a ordem em locais onde as assembleias públicas podem constituir atividades ilegais e perigosas, como os bloqueios e ocupações que foram vistos em Ottawa, na ponte Ambassador e em outros lugares”.

Lich afirma que os canadenses “deveriam se surpreender” que tal “medida extrema” esteja sendo usada contra manifestantes pacíficos.

“Temos inúmeras pessoas vulneráveis ​​em nossa multidão, incluindo crianças, idosos e deficientes, que não podem se deparar com a força por uma genuína democracia liberal. O direito ao protesto pacífico é sagrado para a nossa nação. Se esse princípio for abandonado, o governo se revelará uma verdadeira tirania e perderá toda a sua credibilidade”, afirmou ela.

Crianças participam do protesto Comboio da Liberdade contra os mandatos e restrições da COVID-19, em Ottawa, no dia 9 de fevereiro de 2022 (Jonathan Ren/Epoch Times)
Crianças participam do protesto Comboio da Liberdade contra os mandatos e restrições da COVID-19, em Ottawa, no dia 9 de fevereiro de 2022 (Jonathan Ren/Epoch Times)

Lich declara que percebe que algumas pessoas se opõem aos protestos, mas observou que uma sociedade democrática “ sempre terá desacordos não triviais e dissidentes justos”.

“Há muitas razões para nos opormos aos mandatos”, afirmou ela. “Alguns de nós foram maltratados por nosso governo, incluindo muitas de nossas comunidades indígenas, que sofreram pessoalmente com a negligência médica. Alguns de nós simplesmente querem autonomia corporal e se opõem aos mandatos com base em princípios. Não importa nossas razões e opiniões, é como o governo responde a seus cidadãos que determina o destino do país”.

Dirigindo-se ao primeiro-ministro, Lich afirmou: “Não importa o que você faça, vamos manter a posição”.

“Não há ameaças que nos assustem.”

Brian Peckford, ex-primeiro-ministro de Newfoundland que atua como porta-voz do Comboio da Liberdade, afirmou que este é “um momento muito, muito estranho em nossa história”.

“Isso é novamente um exagero do governo. Nós não fazemos esse tipo de coisa no Canadá. Nós nos engajamos no diálogo”, declarou Peckford.

“A meu ver, o governo do Canadá não entrou em contato uma única vez com os caminhoneiros desde que chegaram a esta capital. Acho isso muito difícil de entender, porque como você pode justificar ir a uma medida de emergência, medida em que muitos poderes podem ser impostos aos cidadãos, quando você nem mesmo tomou nenhuma ação para se envolver.”

Entre para nosso canal do Telegram

Assista também: