A Unesco aprovou nesta quarta-feira o centro histórico de Odessa, cidade portuária da Ucrânia, na lista de Patrimônio Mundial em perigo, o que concede um status especial de proteção frente aos danos causados pela invasão russa.
Também entrou na lista a Feira Internacional Rachid Karami, no Líbano, projetada por Oscar Niemeyer, e os principais monumentos do antigo reino de Saba, no Iêmen.
O Comitê de Patrimônio Mundial da Unesco se reuniu hoje em Paris, na França, em sessão extraordinária, em que foram analisadas as três candidaturas em um procedimento de urgência, aplicado aos locais de interesse excepcional que são considerados ameaçados.
No caso da cidade portuária de Odessa, às margens do Mar Negro, a inclusão urgente do seu centro histórico na lista do Patrimônio Mundial foi contestada pela delegação russa, que criticou uma suposta falta de rigor científico no conteúdo da proposta.
Na opinião do país, a proposta carecia de objetividade e continha fragmentos “copiados” da Wikipédia e de blogs de turismo.
Dos 21 membros do comitê, apenas a Rússia votou contra, seis membros votaram a favor e 14 membros se abstiveram, o suficiente para adotar a medida por maioria.
“Odessa, uma cidade livre, uma cidade mundial, um porto lendário que deixou a sua marca no cinema, na literatura e nas artes, está agora sob a proteção reforçada da comunidade internacional”, disse Audrey Azoulay, diretora-geral da Unesco, em declaração emitida imediatamente após a decisão.
Quanto à Feira Internacional Rachid Karameh, localizada na cidade libanesa de Trípoli, o Comitê utilizou o procedimento de emergência para inscrever o local como Patrimônio Mundial devido ao seu alarmante estado de conservação, à falta de recursos financeiros para cuidados e ao risco latente de projetos de desenvolvimento que poderiam minar a integridade do complexo.
Localizado no norte do Líbano, este edifício foi concebido pelo arquiteto brasileiro Oscar Niemeyer em um terreno de 70 hectares situado entre o centro histórico de Trípoli e o porto de Al Mina. Foi o projeto emblemático da política de modernização do Líbano nos anos 60.
O edifício principal consiste em um enorme pavilhão em forma de bumerangue com 750 metros de comprimento e 70 metros de largura, no qual vários países tiveram a liberdade de montar os seus espaços de exposição.
Os monumentos do antigo reino de Sabá, entretanto, compreendem sete sítios arqueológicos que testemunham as suas realizações arquitetônicas, estéticas e tecnológicas desde o primeiro milênio a.C. até a chegada do islã.
A inscrição com o procedimento de emergência se deveu a ameaças de destruição relacionadas com o conflito em curso no Iêmen.
A Lista do Patrimônio Mundial em Perigo inclui bens culturais considerados ameaçados por perigos graves, como a ameaça de desaparecimento devido à deterioração acelerada, catástrofes naturais, conflitos armados, abandono ou projetos de desenvolvimento urbano em grande escala, entre outros.
Esta inscrição de emergência permite que o Comitê do Patrimônio Mundial atribuir imediatamente assistência ao bem ameaçado a partir do Fundo do Patrimônio Mundial.
Em termos jurídicos, implica o estabelecimento de uma zona de proteção amplitude em virtude da Convenção da Unesco de 1972 relacionada à Proteção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural, da qual tanto Ucrânia como Rússia são signatárias.
Os Estados devem colaborar na proteção dos lugares incluídos na lista e são obrigados a não adotar nenhuma medida deliberada que possa danificar direta ou indiretamente este patrimônio.
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