UNCTAD: Economia da América Latina sofrerá um dos piores impactos da crise mundial

Por Agência de Notícias
03/10/2022 17:29 Atualizado: 03/10/2022 17:29

A desaceleração das economias latino-americanas neste ano e no próximo será a mais grave entre as regiões dos países em desenvolvimento, de acordo com uma análise de especialistas da ONU sobre o estado da economia mundial.

“Na América Latina e no Caribe, muitos países enfrentam uma pressão crescente sobre as suas posições de dívida externa e o aumento do custo de vida é um problema que se agrava”, disse Rebeca Grynspan, chefe da Agência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).

A UNCTAD apresentou um dos documentos mais completos já produzidos sobre os fatores que se sobrepuseram nos últimos anos – pandemia, problemas na cadeia de abastecimento, guerra na Ucrânia e inflação – para criar as condições para uma recessão profunda.

De todas as regiões, a economia latino-americana sofrerá um dos declínios mais acentuados, crescendo apenas 2,6% neste ano, em comparação com 6,6% em 2021 (recuperação do fundo atingido em 2020 por causa da pandemia), e a situação será ainda pior em 2023, quando o crescimento será de apenas 1,1%, de acordo com estas projeções.

A perspectiva latino-americana seguirá o padrão determinado pelas suas três maiores economias. As piores previsões são para México e Brasil, que terão crescimento estimado em 1,8% em cada caso neste ano, embora as perspectivas sejam ainda mais negativas para este último em 2023 (0,6%).

A Argentina, a terceira maior economia da região, crescerá mais, 4,1% em 2022, embora em todos os três casos o crescimento seja menos da metade do que era em 2021.

Na América Central e no Caribe, o crescimento cairá de 7,8% em 2021 para 4,1% neste ano, enquanto na América do Sul (excluindo Brasil e Argentina) o abrandamento econômico será mais acentuado: 3,1% em comparação com 9,1%.

O peso da dívida externa é um dos fatores que mais preocupa a UNCTAD em relação ao futuro imediato da América Latina, com países (especialmente no Caribe) à beira do descumprimento, enquanto outros países estão pagando um prêmio de risco muito elevado.

A conclusão dos economistas da agência é que uma política monetária mais restritiva na América Latina pode ajudar a moderar a inflação e a volatilidade da moeda em relação ao dólar, mas ao mesmo tempo pode deprimir ainda mais a demanda interna, levar à recessão e à agitação social.

 

Entre para nosso canal do Telegram

Assista também: