Por EFE
A União Europeia (UE) estabeleceu como prioridade conseguir avanços no acordo de livre comércio que discute com o Mercosul, a fim de recuperar terreno contra a China na América Latina, e espera que o resultado das eleições presidenciais no Brasil ajude nesse sentido.
O tema foi discutido nesta terça-feira em uma reunião da Comissão de Relações Exteriores do Parlamento Europeu com a presença do diretor-geral do Serviço Europeu de Ação Externa (SEAE) para as Américas, Brian Glynn.
Ele declarou que, um mês antes do primeiro turno das eleições no Brasil, a UE está “acompanhando de perto” a campanha, na qual vê um “clima de polarização” e também alguns episódios de desinformação.
Glynn destacou a importância do Brasil como “uma das maiores democracias do mundo e um parceiro estratégico para a UE” e enfatizou que o bloco europeu deve “fazer mais” para fortalecer as relações com o país.
Embora a China seja agora o maior parceiro comercial do Brasil, a UE ainda é o maior investidor no país, conforme ele lembrou.
Por este motivo, Glynn ressaltou a necessidade de uma cooperação mais estreita em mais áreas, em particular a necessidade de envolver o Brasil nos objetivos do Pacto Verde europeu.
Sobre as futuras eleições, ele disse que “assim que tivermos clareza sobre a direção da política no Brasil para os próximos anos, nos engajaremos com as novas autoridades”, e que, após as eleições, seria “um bom momento para olhar o Brasil com novos olhos”.
Glynn também disse que devem ser feitas adaptações em relação à política europeia na América Latina como um todo.
“A América Latina é uma região do mundo que provavelmente tem sido um pouco negligenciada pela UE, que foi tomada como certa, e agora temos a capacidade e a vontade de fazer algo a respeito”, afirmou.
O presidente da comissão parlamentar, o democrata-cristão alemão David McAllister, declarou que a UE deve “fortalecer seus laços com seus parceiros latino-americanos” e especialmente com o Brasil como um “parceiro estratégico”.
Neste contexto, ele considerou que a UE deveria “fazer mais” diante da influência “preocupante” que a China está ganhando na região e buscar maneiras de fortalecer as relações.
O acordo comercial entre a UE e o Mercosul foi assinado em 2019, após 20 anos de negociações, mas ainda não entrou em vigor porque depende da ratificação legislativa de todos os envolvidos, e há países europeus que duvidam dos compromissos ambientais das nações do bloco sul-americano.
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