UE aprova empréstimo de 35 bilhões de euros para Kiev, garantido por ativos russos congelados

Esses ativos foram congelados logo após o início da invasão em grande escala da Ucrânia por Moscou, em fevereiro de 2022.

Por Guy Birchall
10/10/2024 21:07 Atualizado: 10/10/2024 21:07
Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.

A União Europeia concordou, em 9 de outubro, em dar à Ucrânia até 35 bilhões de euros (cerca de US$38 bilhões) como parte da participação do bloco em um empréstimo maior planejado pelas nações do G7, apoiado pelos ativos congelados do banco central russo.

Em junho, o G7 e a UE anunciaram que forneceriam um empréstimo de US$50 bilhões para ajudar a Ucrânia, financiado pelos lucros dos ativos russos apreendidos no Ocidente.

Eles foram congelados logo após o início da invasão da Ucrânia por Moscou, em fevereiro de 2022.

Mais de dois terços dos ativos, cerca de US$223 bilhões, são mantidos na UE de 27 países, e a maioria é mantida pelo depositário belga Euroclear.

Com o acordo de 9 de outubro, a UE pode contar com a margem de manobra em seu orçamento como garantia, caso as restrições aos ativos sejam suspensas.

Todas as sanções da UE contra Moscou devem ser renovadas a cada seis meses por meio de uma votação unânime da UE.

No entanto, a Hungria, que tem uma visão um pouco mais cética da guerra, tentou em várias ocasiões bloquear as sanções e as medidas para financiar a Ucrânia e poderia impedir uma renovação.

Budapeste — que detém a presidência rotativa de seis meses da UE — não quer discutir nenhuma possível extensão da detenção dos ativos até depois da eleição dos EUA em novembro.

A Comissão Europeia propôs estender o período de renovação de seis meses para três anos, mas a Hungria não apresentou a proposta durante as discussões com os enviados, disseram diplomatas da UE.

A proposta de empréstimo da comissão também precisa ser aprovada pelo Parlamento Europeu, pois diz respeito ao orçamento da UE.

Espera-se que os parlamentares da UE votem o pacote em 22 de outubro.

O acordo ajuda a contornar a recusa da Hungria em estender o período de renovação.

O empréstimo, uma “assistência macrofinanceira (AMF) excepcional”, conseguiu ser aprovado rapidamente porque a medida exigia apenas uma maioria qualificada de votos em vez de unanimidade.

“O objetivo é disponibilizar o empréstimo da AMF em 2024, com desembolso em 2025, a ser reembolsado em um período máximo de 45 anos”, disse o comunicado do conselho.

No dia seguinte ao acordo, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky conversou com o chefe da OTAN, Mark Rutte, e com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, em Londres.

Os líderes discutiram o “plano de vitória” proposto pela Ucrânia e se Kiev poderia usar mísseis ocidentais contra alvos na Rússia.

Tanto Starmer quanto Zelensky disseram que a guerra com a Rússia está em um ponto crítico, e o líder ucraniano está ansioso para que o Ocidente dê mais apoio para tentar mudar o equilíbrio no campo de batalha.

Zelensky fez pressão para que os Estados Unidos e o Reino Unido permitissem que Kiev usasse mísseis de longo alcance doados por seus aliados dentro do território russo, algo que Rutte confirmou ter sido discutido na reunião.

“Discutimos o assunto hoje, mas, no final, a decisão cabe a cada um dos aliados”, disse Rutte aos repórteres em Londres após as conversas.

O porta-voz de Starmer disse que havia uma “discussão em andamento entre o Reino Unido, a Ucrânia e os parceiros internacionais sobre como ajudar a Ucrânia no inverno”.

“Obviamente, queremos colocar a Ucrânia na posição mais forte. Mas nenhuma guerra jamais foi vencida por uma única arma. E com relação aos [mísseis] Storm Shadow especificamente, não houve nenhuma mudança na posição do governo britânico sobre o uso de mísseis de longo alcance”, disse o porta-voz.

A Reuters contribuiu para esta reportagem.