O Exército da Ucrânia resiste atualmente ao ataque da Rússia em torno do reduto de Avdivka, sem poder retomar sua contraofensiva devido à falta de munição e armas que chegam do Ocidente.
“As tropas continuam a deter o inimigo, que ainda está tentando cercar Avdivka”, informou o Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia no relatório desta sexta-feira (08).
Avdivka, um alvo prioritário
De acordo com o alto comando ucraniano, durante o último dia suas tropas repeliram 30 ataques à cidade, que fica próximo à ocupada Donetsk e se tornou um alvo prioritário para as forças russas, a julgar pela intensidade dos combates na área nas últimas semanas.
Kiev afirma que a Rússia perdeu milhares de homens e enormes quantidades de material de guerra nas tentativas de sitiar Avdivka – de onde as forças ucranianas têm um tiro direto contra Donetsk – e não obteve ganhos substanciais na região.
Ao sul de Bakhmut, também na frente oriental, as forças russas lançaram 24 ataques, todos repelidos, de acordo com o relatório do Exército ucraniano, que afirma que suas tropas estão “consolidando suas posições” nesse setor.
Mísseis de cruzeiro contra Kiev
A Rússia retomou nesta sexta-feira os ataques com mísseis de cruzeiro contra a capital ucraniana após 79 dias.
De acordo com o chefe da Administração Militar de Kiev, Sergei Popko, todos os mísseis direcionados a Kiev foram interceptados pelas defesas aéreas ucranianas.
Nesta manhã, 19 mísseis de cruzeiro Kh-101 e Kh-555 foram lançados contra as regiões ucranianas de Kiev (norte) e Dnipropetrovsk (centro), disse o porta-voz da Força Aérea ucraniana, Yuri Ignat.
“Conseguimos um bom resultado de defesa aérea: 14 mísseis de cruzeiro foram destruídos”, afirmou Ignat, acrescentando que, inicialmente, todos os mísseis estavam apontados para a cidade de Dnipropetrovsk, mas depois alguns deles mudaram de direção e seguiram para Kiev.
Os que foram destruídos atingiram a infraestrutura na região de Dnipropetrovsk, onde uma pessoa morreu.
Rússia retoma a iniciativa e a Ucrânia aguarda ajuda
Após o esgotamento, no outono (Hemisfério Norte), da contraofensiva terrestre ucraniana lançada em junho, a Rússia começou a retomar a iniciativa em alguns setores da linha de frente de batalha.
As autoridades ucranianas expressaram preocupação com o bloqueio republicano dos EUA a um novo pacote de ajuda militar de US$ 61 bilhões, que Kiev diz ser fundamental para combater a agressão russa.
Em Washington, o ministro das Relações Exteriores britânico, David Cameron, defendeu a eficácia da ajuda militar dos EUA.
“As armas e o apoio militar que vão para a Ucrânia estão sendo usados de forma muito eficaz”, analisou Cameron, observando que “a Ucrânia nem sequer tem uma Marinha, mas conseguiu afundar cerca de um quinto da frota russa do mar Negro”.
Putin adverte que o armamento Ocidental é vulnerável
O líder russo, Vladimir Putin, disse nesta sexta-feira que os militares russos que lutam na Ucrânia “atuam com bravura e destroem tanques e blindados inimigos”, incluindo equipamentos fornecidos pelo Ocidente.
“O mito de sua invulnerabilidade (do armamento ocidental) desapareceu”, enfatizou Putin em cerimônia no Kremlin, na qual ele concedeu títulos de Herói da Rússia e condecorou um grupo de militares e civis.
Enquanto interagia com os recebedores dos prêmios, Putin anunciou sua decisão de concorrer à reeleição nas eleições presidenciais de março do próximo ano, um anúncio que veio “espontaneamente”, de acordo com o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov.
“Entendo que não posso fazer mais nada agora. Vou apresentar minha candidatura nas eleições para presidente da Federação Russa”, disse o líder russo, que está no poder desde o ano 2000.