A Coreia do Norte é famosa por suas extravagantes ameaças de guerra e de uso de armas nucleares contra os Estados Unidos e seus aliados.
A constante provocação contra os adversários da Coreia do Norte é tão fundamental para o regime de Kim Jong-un que os meios de comunicação estatais estão dominados por tal situação e os eventos nacionais se resumem a desfiles militares e testes de mísseis.
No entanto, o presidente Donald Trump parece ter invertido os papéis, e o regime norte-coreano, que antes estava faminto por uma “batalha final”, agora está começando a retroceder em suas ameaças de conflito armado.
Um comentário divulgado na mídia estatal da Coreia do Norte na quarta-feira (11) adverte que os exercícios militares norteamericanos poderiam desencadear uma guerra, algo que a Coreia do Norte vem reivindicando há anos.
“Os Estados Unidos continuam provocando agitação com os frenéticos exercícios de guerra nuclear apesar do fato de que a situação na península coreana está à beira do início de uma guerra termonuclear mundial”, disse o comentário.
Em um sinal surpreendente de fraqueza, o comentário também diz que se a OTAN se unisse aos Estados Unidos na península coreana, “mudaria o equilíbrio de forças” contra a Coreia.
No começo desta semana, surgiu a notícia de que o Reino Unido, um dos principais aliados dos Estados Unidos e membro da OTAN, estaria desenvolvendo planos militares para um possível conflito armado com a Coreia do Norte.
Esta é uma rara admissão de fraqueza por parte do regime norte-coreano, que normalmente se orgulha de ter sempre razão e de ser um grande poder militar, alegando que pode destruir o Japão, a Coreia do Sul e as principais cidades dos Estados Unidos com armas nucleares.
Os relatórios da mídia estatal norte-coreana sobre o assunto dos Estados Unidos geralmente incluem referências à sua completa destruição e a de seus aliados. No entanto, o novo comentário não fala de atacar os Estados Unidos, mas de construir suas próprias defesas.
O presidente dos Estados Unidos Donald Trump tem pressionado fortemente o regime norte-coreano nas últimas semanas.
No mês passado, os norte-americanos conseguiram que a China aceitasse as novas sanções do Conselho de Segurança da ONU contra a Coreia do Norte. O regime chinês admitiu, em um raro artigo publicado na mídia estatal no final do mês passado, que as sanções estavam causando “uma quantidade colossal de danos”.
Na semana passada, Trump intensificou seus ataques ao Norte dizendo que falar com ele não tem efeito e que “apenas uma coisa funcionará”. O diretor do Escritório de Administração e Orçamento de Trump, Mick Mulvaney, informou mais tarde que o presidente estava telegrafando com a afirmação de que “as opções militares estão sobre a mesa”.
No sábado, um submarino de ataque norte-americano da classe Los Angeles, movido a energia nuclear chegou à Coreia do Sul. Embora não seja incomum que submarinos estejam ativos na região, é raro que eles indiquem suas posições. Neste caso, revelando a localização do submarino equipado com doze tubos de lançamento vertical para mísseis de cruzeiro Tomahawk, o mais provável é que tenha sido enviado lá para dar uma mensagem à Coreia do Norte.
Na segunda-feira, o secretário de Defesa do Trump, James Mattis, ressaltou na reunião anual da Associação do Exército dos Estados Unidos que o exército americano deveria estar “preparado” para uma possível guerra com a Coreia do Norte.
“Há uma coisa que o exército dos Estados Unidos pode fazer, que é estar preparado para garantir que temos opções militares que nosso presidente pode usar, se necessário”, disse Mattis.
Na terça-feira, o presidente Trump se reuniu com sua equipe de segurança nacional e seus principais líderes militares para discutir opções militares contra a Coreia do Norte.
“A reunião e o debate se centraram em uma série de opções para responder a qualquer forma de agressão norte-coreana ou, se necessário, para evitar que a Coreia do Norte ameace os Estados Unidos e seus aliados com armas nucleares”, afirmou a Casa Branca em um comunicado sobre a reunião.
No mesmo dia da reunião de Trump com líderes militares, dois bombardeiros B-1B da Força Aérea dos Estados Unidos sobrevoaram a península coreana em uma demonstração de força, depois que a Coreia do Norte ameaçou derrubar bombardeiros norte-americanos que realizavam tais testes. Nenhuma ação foi tomada pela Coreia do Norte durante essa missão de 12 horas.
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