Trump repreende China por interferência eleitoral

Especialista afirma que objetivo final dos chineses é a "dominação do mundo e o controle permanente"

01/10/2018 17:44 Atualizado: 03/11/2018 17:13

Por Charlotte Cuthbertson, Epoch Times

Presidente Donald Trump acusou o regime chinês de tentar interferir nas próximas eleições intercalares durante seu discurso na reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas em 26 de setembro.

“Eles não me querem que eu, ou nós, ganhemos, porque eu sou o primeiro presidente a desafiar a China em termos de comércio”, disse Trump. “E nós estamos ganhando no comércio. Estamos ganhando em todos os níveis. Não queremos que se intrometam ou interfiram nas próximas eleições.”

Pouco depois da reunião do Conselho de Segurança, Trump publicou no Twitter fotos de um importante jornal de Iowa que publicou um editorial de quatro páginas do China Daily, jornal estatal chinês, em uma tentativa de influenciar a opinião pública sobre a disputa comercial com a China.

“A China está publicando anúncios no jornal Des Moines Register e em outros jornais para que pareçam com notícia”, escreveu Trump no Twitter. “Estão fazendo isso porque os estamos vencendo no comércio, abrindo mercados, e nossos agricultores farão uma fortuna quando isso acabar!”

Trump deu mais detalhes ao conversar com jornalistas antes de sua reunião com o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe.

“Vocês fizeram declarações de que isso vai afetar nossos agricultores, que são meus eleitores”, disse Trump sobre o editorial. “China vai e ataca o cinturão agrícola, nossos agricultores. […] Parecem ser editoriais mas não são. Eles foram armados pela China, porque não querem que eu seja eleito, porque isso nunca aconteceu com eles”.

Trump salientou que o atual pacote de 250 bilhões de dólares em tarifas aplicadas aos produtos feitos na China está prejudicando o gigante asiático. A China retaliou, em parte, atacando a produção de soja dos Estados Unidos, que fornece 40% da soja para os chineses.

Os preços da soja caíram pelo menos 12% desde o início da disputa comercial em meados de abril, o que prejudicou os agricultores norte-americanos.

“Eu não gosto quando atacam nossos agricultores, e não gosto quando espalham notícias falsas”, disse Trump. “Mas além disso tudo, nós descobrimos que eles estão tentando se intrometer em nossas eleições. Mas não vamos deixar que isso aconteça, assim como não vamos deixar que isso aconteça com a Rússia”.

A arte da guerra

Casey Fleming, especialista em cibernética e CEO da empresa Black Ops Partners, explicou que a China está adotando o manual de instruções da Rússia “para hackear e infiltrar-se nas eleições norte-americanas; para manipulá-las, criar o caos e gerar conflitos entre a esquerda e a direita; para causar instabilidade nos Estados Unidos”.

Fleming acrescentou que a China subiu a aposta em “tudo menos a guerra” em resposta direta às tarifas de Trump.

Independentemente de usar a guerra cibernética, a China está aumentando sua propaganda e sua guerra de informação para criar notícias falsas e distorcer o que está acontecendo realmente.

“Eles estão falando sobre como Trump agora é o homem mau e que tem a faca em nossa garganta”, descreveu Fleming.

Fleming salientou que a estratégia da China — empregar tudo menos a guerra convencional — é muito dissimulada.

“Toda a operação da China consiste em ser dissimulada e escondê-la sob práticas comerciais convencionais”, acrescentou. “E quando eles são pegos, usam a negação plausível, dizendo: ‘Oh, não conhecíamos essa modalidade’, ou então ‘Ele não trabalha para nós’, ou ainda ‘Você deve ter se enganado’. E eles nos manipulam: “Você se confundiu, não fomos nós”.

Durante a reunião do Conselho de Segurança, o Ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, respondeu à acusação de Trump, negando qualquer interferência.

“A China sempre seguiu o princípio da não interferência em assuntos internos de outros países. Esta é uma tradição da política externa chinesa”, disse Wang.

“Não interferimos nem vamos interferir nos assuntos internos de qualquer país. Recusamo-nos a aceitar qualquer acusação injustificada contra a China.”

Fleming disse que a resposta de Wang é um “engano absoluto, é um elemento fundamental da guerra assimétrica […] [e] é conduzido pela negação plausível”.

Prevenir a guerra

Em 26 de setembro, um oficial de alto escalão da Casa Branca afirmou em uma coletiva de imprensa que a interferência do regime chinês havia atingido um “nível inaceitável”.

O oficial argumentou que o Partido Comunista Chinês usa o método de ter o regime inteiro alinhado em seu trabalho de Frente Unida, que é o braço do poder invisível e da propaganda do Partido.

“A China pune ou recompensa empresários, centros de estudo, estúdios de cinema, jornalistas, líderes religiosos e até mesmo candidatos políticos, dependendo se eles criticam ou apoiam as políticas chinesas”, explicou o oficial.

Ele acrescentou que em um futuro próximo, mais informações sobre as atividades da China serão desclassificadas, e que o vice-presidente Mike Pence planeja falar sobre isso em mais detalhes na próxima semana.

Fleming salientou que Trump está fazendo o que pode — dentro dos limites legais e políticos — para proteger a economia e a segurança nacional dos Estados Unidos.

“Ao mesmo tempo […] acredito que ele está evitando, ou pelo menos atrasando, uma guerra no curto prazo com a China, uma guerra convencional real com a China”, comentou Fleming.

“Ele está usando seu método ‘tudo menos a guerra’ […] que é o desequilíbrio comercial, para atingir economicamente a China, para tirar-lhes o vento de suas velas e sua hostilidade extrema contra o domínio dos Estados Unidos.”

Restringir a China

A administração Trump tomou medidas para frear a influência chinesa, incluindo a exigência recente de que as empresas chinesas de comunicações estatais que operam nos Estados Unidos sejam registradas como agentes estrangeiros.

O oficial da administração salientou que as empresas chinesas de notícias dirigidas pelo regime fingiram por muito tempo ser agências de notícias legítimas e normais.

Trump também assinou em 20 de setembro uma nova Estratégia Cibernética Nacional que acusou a China de participar de “espionagem econômica ciberhabilitada e pelo roubo de trilhões de dólares em propriedade intelectual”.

De acordo com informações da Comissão sobre Roubo de Propriedade Intelectual Norte-americana (também conhecida como Comissão de Propriedade Intelectual), o roubo de segredos comerciais custa para a economia norte-americana entre 180 e 540 bilhões de dólares anualmente.

Em um relatório apresentado em julho pelo jornal Xinhua, porta-voz da China para assuntos externos, Hua Chunying, declarou: “A inovação e a propriedade intelectual devem servir ao progresso e ao bem estar da humanidade, e não ser reduzidas a uma ferramenta para que os Estados Unidos reprimam o desenvolvimento de outros países e protejam ou defendam suas realizações particulares”.

Fleming argumentou que já é hora de as empresas e o público em geral perceberem a magnitude e a seriedade das verdadeiras intenções da China: dominar o mundo.

“Trata-se da dominação do mundo e de seu controle permanente”, disse ele.