O presidente Donald Trump disse que o agente do FBI Peter Strzok, que liderou a investigação da agência sobre a alegada colusão entre a campanha de Trump e a Rússia, cometeu traição ao tentar remover um presidente eleito do cargo.
A suposta conspiração também tem relação com a ex-candidata presidencial Hillary Clinton, bem como com o ex-presidente Barack Obama.
Em uma entrevista ao The Wall Street Journal, Trump disse que Strzok cometeu traição ao criar uma “apólice de seguro” para retirar um presidente eleito de seu cargo.
Em mensagens de texto obtidas pelo Departamento de Justiça, Strzok — que desempenhou papel de liderança tanto na investigação sobre o uso de um servidor de e-mail privado por Hillary Clinton, como nas acusações de colusão de Trump com a Rússia — elogia Clinton e despreza Trump.
Em uma das mensagens de texto que Strzok enviou para a advogada do FBI Lisa Page, com quem ele teve um relacionamento pessoal segundo investigações, o agente comenta sobre uma reunião que tiveram no escritório do vice-diretor do FBI, Andrew McCabe, na qual discutiram sobre uma “apólice de seguro” no cenário em que Trump ganhasse as eleições.
“Um homem tem tuitado à sua amante que se [Hillary Clinton] perder, basicamente vamos garantir uma apólice de seguro. Vamos para a segunda fase e vamos eliminar esse homem da administração”, disse Trump em entrevista ao The Wall Street Journal em 11 de janeiro.
“Este é o FBI de que estamos falando, isso é traição”, disse o presidente. “Esse foi um ato de traição. O que ele tuitou à sua amante foi um ato de traição”.
A traição está definida no artigo 3º da Constituição dos Estados Unidos como sendo o ato de ajudar os inimigos contra o país ou colaborar em uma guerra contra a nação.
De acordo com a lei norte-americana, a traição é punível com a morte ou prisão por um mínimo de cinco anos.
O Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados está investigando o papel de Strzok na investigação do FBI. Na semana passada, o presidente do Comitê, Devin Nunes, anunciou que havia chegado a um acordo com o Departamento de Justiça para ter acesso às quase 10 mil mensagens de texto enviadas por Strzok, bem como a todos os documentos relevantes sobre a companhia Fusion GPS, a investigação do FBI e os interrogatórios das testemunhas.
Strzok, no entanto, jogou apenas parte da suposta conspiração para destituir Trump do cargo.
Arquivo Anti-Trump como parte da conspiração
No cerne das acusações de colusão russa encontra-se um arquivo sobre Trump, produzido pela empresa de inteligência estratégica Fusion GPS.
O arquivo de 35 páginas, classificado como secreto, se baseia quase que exclusivamente em fontes vinculadas ao Kremlin.
O professor de direito Ronald Rychlak, destacado especialista russo em desinformação, declarou ao Epoch Times em uma entrevista anterior que a informação contida no arquivo tinha as características de uma campanha de desinformação da Rússia.
O arquivo foi encomendado pela campanha de Hillary Clinton e pelo Comitê Nacional Democrata. O pagamento foi encaminhado para a Fusion GPS através do escritório de advocacia Perkins Coie e incorretamente registrado nos arquivos da Comissão Eleitoral Federal para que não fosse detectado, informou The Washington Post.
O Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados está atualmente investigando se o FBI, para iniciar sua investigação, usou este arquivo cujas principais demandas foram refutadas ou não foram verificadas.
A premiada repórter Sara Carter informou, em 11 de janeiro, citando várias fontes, que o FBI usou o relatório para obter uma ordem judicial no Tribunal de Vigilância de Inteligência Estrangeira dos Estados Unidos (Fisc), com o objetivo de espionar membros da equipe de Trump.
A ordem judicial obtida pelo FBI foi usada por altos funcionários do governo de Obama para espionar a equipe do Trump e, potencialmente, o próprio Trump, durante e após as eleições.
Pelo menos dois altos funcionários de Obama revelaram ter se utilizado da ordem do tribunal Fisc para espionar a equipe de Trump. A assessora de Segurança Nacional de Obama, Susan Rice, bem como a embaixadora de Obama nas Nações Unidas, Samantha Power, fizeram dezenas de pedidos chamados de “desmascaramento” das identidades dos membros da equipe de Trump nos relatórios de inteligência.
Trump fez referência à essa vigilância em um tuít escrito em 4 de março de 2017, que dizia: “Quão baixo o presidente Obama agiu para manipular meus telefones durante o sagrado processo eleitoral? É um Nixon/Watergate. Um cara ruim (ou doente)!”
How low has President Obama gone to tapp my phones during the very sacred election process. This is Nixon/Watergate. Bad (or sick) guy!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) March 4, 2017
Parte do que o Comitê de Inteligência da Câmara investigará é a informação usada pelos principais funcionários de Obama. O que preocupa é que a informação foi compartilhada com Clinton durante as eleições.
A investigação da Câmara também inclui o funcionário do Departamento de Justiça, Bruce Ohr. O oficial Ohr foi rebaixado de seu cargo de procurador-adjunto depois de ter sido revelado em dezembro que ele se encontrou em segredo com funcionários da Fusion GPS, incluindo seu co-fundador Glenn Simpson.
A esposa de Ohr, Nellie Or, também estava trabalhando para a Fusion GPS durante as eleições, investigando Trump.
O comitê da Câmara está analisando os pagamentos que a Fusion GPS fez aos jornalistas. Na semana passada, um tribunal federal ordenou que o banco onde a Fusion GPS é correntista entregasse os registros ao comitê.
O comitê estava à procura desses registros bancários, em parte devido a certos pagamentos que a Fusion GPS fez aos jornalistas que noticiavam sobre assuntos relacionados à Rússia.
Os documentos do Tribunal do Reino Unido mostram que o autor do arquivo, o ex-espião britânico Christopher Steele, passou informações aos jornalistas sobre o conteúdo do documento. Steele e sua empresa estão sendo processados por difamação por um empresário russo mencionado no relatório.
O advogado de defesa de Steele diz nos documentos judiciais que recebeu instruções da Fusion GPS para informar os jornalistas do The New York Times, The Washington Post, The New Yorker, CNN e Yahoo News sobre o conteúdo do arquivo.
Foram seus relatos que parecem ter sido a fonte de várias histórias publicadas sobre acusações de que Trump fizera um acordo com a Rússia.
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