Os militares dos Estados Unidos provavelmente possuem uma nova estratégia para o Irã. Antes de uma reunião com líderes militares seniores em 6 de outubro, o presidente Donald Trump foi indagado pelos repórteres sobre se possuía uma decisão sobre o Irã. Ele respondeu: “Você vai ouvir sobre o Irã muito em breve”.
“Não devemos permitir que o Irã obtenha armas nucleares”, disse Trump, acrescentando que “o regime iraniano apoia o terrorismo e exporta violência, derramamento de sangue e caos em todo o Oriente Médio”.
“É por isso que devemos pôr fim à agressão contínua e às ambições nucleares do Irã”, disse Trump, acrescentando que o Irã não cumpriu o espírito do acordo nuclear, o Plano Conjunto de Ação (JCPOA, na sigla em inglês).
Durante uma sessão de fotos antes da reunião com os líderes militares, Trump disse que “talvez seja a calma antes da tempestade”.
Quando perguntado sobre o que ele quis dizer, Trump disse que “você descobrirá”. Não está claro se a declaração do presidente se referiu à sua próxima ação no Irã.
Sob o JCPAO, que o então presidente Barack Obama articulou em 2015, o Irã reduziu significativamente seu enriquecimento de urânio em troca da suspensão de sanções. No entanto, críticos apontaram para o fato de as restrições ao enriquecimento de urânio do Irã começarem a desaparecer após dez anos, permitindo que o regime construísse agora milhares de centrífugas avançadas. A esta altura, o Irã poderia desenvolver uma arma nuclear em apenas seis meses.
Uma planilha informativa da Casa Branca de 24 de setembro que descreve as restrições de viagem para países com ameaças terroristas e outras ameaças à segurança pública explana várias outras questões de segurança que os Estados Unidos têm com o Irã.
Diz o documento que o governo do Irã “é a fonte de ameaças terroristas significativas; é patrocinador estatal do terrorismo; e falha em disciplinar seus subordinados nacionais às ordens finais dos Estados Unidos de remoção”. Ele acrescenta que o regime iraniano também “não coopera com o governo dos Estados Unidos na identificação do risco de segurança”.
A embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Nikki Haley, disse no American Enterprise Institute em 5 de setembro: “A maior preocupação é que os líderes iranianos ─ os mesmos que no passado foram flagrados operando um programa nuclear secreto em áreas militares ─ declararam publicamente que eles se recusarão a permitir [inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica] de suas áreas militares”.
“Foi-nos prometido inspeções de áreas no Irã a qualquer momento, em qualquer lugar. O acordo final entregou muito menos. As inspeções ’24/7′ prometidas se aplicam apenas aos locais nucleares declarados do Irã. Para qualquer área não declarada, mas suspeita, o regime pode negar o acesso por até 24 dias”, disse ela.
O secretário de Defesa, James Mattis, e o secretário de Estado, Rex Tillerson, disseram que está nos interesses de segurança nacional dos Estados Unidos manter o acordo nuclear iraniano. Ainda não está claro, no entanto, o que a decisão dos EUA sobre o acordo iraniano irá implicar.
Quando o tenente-general Kenneth McKenzie Júnior foi questionado durante uma conferência de imprensa em 5 de outubro sobre as declarações de Mattis, ele sugeriu que era apenas uma das muitas opiniões que Mattis tem compartilhado com Trump.
A porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, disse durante uma entrevista coletiva de 3 de outubro que “Mattis, é claro, é uma das muitas pessoas que está fornecendo informações e conselhos ao presidente sobre a questão do Irã” e o acordo nuclear, mas observou que “o presidente está recebendo muita informação sobre isso”.
De acordo com a secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, Trump já possui uma decisão a qual pode incluir as questões do Irã além do acordo nuclear e planeja executá-la em breve.
“O presidente, como ele disse, tomou uma decisão sobre isso, e ele fará esse anúncio no momento apropriado. O foco principal que ele tem tido tem sido uma estratégia abrangente sobre como lidar com o Irã”, disse Sanders durante uma entrevista coletiva em 5 de outubro.
“Foi o que ele queria que sua equipe colocasse em prática”, disse Sanders, “e acho que você vai ver isso anunciado em breve”.
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