Trump diz que EUA estão decididos a vencer guerra no Afeganistão

22/08/2017 02:00 Atualizado: 23/08/2017 21:02

O presidente Donald Trump disse que os Estados Unidos estão empenhados em vencer a guerra no Afeganistão e evitar que os mesmos erros que foram cometidos na retirada do Iraque aconteçam novamente.

Falando em Fort Myer, na Virgínia, Trump disse que compartilha da frustração do povo americano com a guerra de 17 anos no Afeganistão – a mais longa da América.

Ele disse que inicialmente queria sair completamente do Afeganistão, pensando que os Estados Unidos passaram muito tempo tentando reproduzir outras nações à sua imagem, em vez de se concentrar em sua própria segurança.

No entanto, depois de pedir uma revisão abrangente de todas as opções no Afeganistão e estudar esse país em detalhe, disse que mudou de opinião.

Afirmou que a América merece ter um resultado honroso do conflito, um digno dos sacrifícios feitos por aqueles que foram mortos na guerra. Disse que as tropas dos Estados Unidos “merecem um plano para a vitória”.

Uma retirada rápida das tropas restantes do país no Afeganistão poderia criar um vácuo que grupos terroristas como o ISIS e a Al Qaeda poderiam preencher rapidamente, de forma semelhante ao que aconteceu no Iraque.

Após a retirada das tropas dos EUA do Iraque em 2011, o ISIS e outros grupos terroristas ganharam posição.

“Não podemos repetir no Afeganistão os erros que nossos líderes cometeram no Iraque”, disse Trump.

Trump também destacou a preocupação com o grande número de grupos terroristas atualmente ativos no Afeganistão e sua proximidade com o Paquistão, que deu refúgio seguro a esses grupos.

“A América e os nossos parceiros estão empenhados em remover terroristas de seus territórios, cortando seu financiamento e expondo o falso fascínio de sua ideologia do mal”, disse Trump.

“Os terroristas que matam pessoas inocentes não encontrarão glória nesta vida nem na próxima. Eles não são nada além de bandidos, criminosos, predadores, e, certamente, perdedores”, disse ele.

Trump prometeu que a América trabalharia com seus aliados para arruinar os grupos terroristas e eventualmente vencê-los.

Estratégia de guerra

Repetindo o que afirmou durante a campanha presidencial, Trump disse acreditar que anunciar datas de implantação e retirada de tropas é contraproducente.

Em vez disso, declarou que não anunciaria planos de aumento de tropas e que “as condições no terreno, e não as datas arbitrárias, orientarão nossa estratégia a partir de agora”.

“Não vou dizer quando vamos atacar, mas atacaremos.”

Depois que a quantidade de tropas atingiu seu pico em 2010 sob a administração de Obama, com cerca de 100 mil soldados, o mesmo Obama reduziu acentuadamente essa quantidade para menos de 10 mil em 2016.

A redução dos níveis de tropas foi anunciada por Obama em 2011.

Na época, ele disse que os Estados Unidos estavam cumprindo seu objetivo de treinar forças de segurança afegãs para defender seu próprio país.

Mas, apesar de anos de treinamento e bilhões gastos, as forças de segurança afegãs se mostraram incapazes de lutar efetivamente e repelir os talibãs mesmo com o forte amparo da inteligência dos EUA e suporte de combate.

Membro da Polícia Nacional Afegã vigia Zerak, Afeganistão, em 21 de janeiro de 2010 (Spencer Platt/Getty Images)
Membro da Polícia Nacional Afegã vigia Zerak, Afeganistão, em 21 de janeiro de 2010 (Spencer Platt/Getty Images)

Trump disse que combinaria os pilares do poder americano – diplomático, econômico e militar – para trabalhar para um resultado bem sucedido para o Afeganistão.

Ele também abriu a possibilidade de elementos do Talibã fazerem parte de um acordo bem sucedido, mas disse que “ninguém sabe se ou quando isso acontecerá”.

Trump também disse que garantiria que as tropas tivessem condições de derrotar o inimigo.

“Eu já retirei as restrições que a administração anterior colocou aos nossos combatentes de guerra que impediram o secretário de defesa e nossos comandantes em campo de travarem batalhas plena e rapidamente contra o inimigo”, disse Trump.

Sem microgerência

Na campanha contra o ISIS, Trump mostrou que não acredita que a microgerência de Washington, DC, ganhe batalhas. Ele está seguindo o mesmo princípio com o Afeganistão.

Em junho deste ano, Trump já havia dado ao Secretário de Defesa o poder de estabelecer a quantidade de tropas para o Afeganistão.

O anúncio de Trump ocorre depois de uma reunião com sua equipe de segurança nacional na residência de descanso presidencial de Camp David na semana passada.

“Essas tropas vão a lugares perigosos, então você tem que ser cuidadoso”, disse Mattis no mês passado ao explicar por que ainda não usou a autoridade que o presidente deu em junho para aumentar a quantidade de tropas.

Trump disse que planeja expandir ainda mais a autoridade para que as forças armadas mirem as redes terroristas e criminais no Afeganistão.

“Nossas tropas vão lutar para vencer. Vamos lutar para vencer. De agora em diante, a vitória terá uma definição clara: atacar nossos inimigos, destruir o ISIS, esmagar a al Qaeda, impedir que os talibãs se apoderem do Afeganistão e parar ataques terroristas em massa contra a América antes de eles emergirem”, afirmou.

Trump disse que os Estados Unidos trabalharão com o governo afegão e que não estão mais no ramo de “construir nações”.

“Não estamos pedindo que os outros mudem seu modo de vida, mas que busquem objetivos comuns que permitam que nossos filhos vivam vidas melhores e mais seguras”, disse ele.

No entanto, Trump disse que o apoio dos Estados Unidos ao governo afegão “não é um cheque em branco” e que “nossa paciência não é ilimitada”.

Trump também pediu à América para se unir e defender-se de inimigos no exterior.

“Em cada geração, enfrentamos o mal, e sempre prevalecemos”, disse ele.

Fazendo referência à divisão dentro da América e, implicitamente, ao protesto violento que explodiu em Charlottesville, Virgínia, em 12 de agosto, Trump pediu que a nação se una.

“Quando abrimos nossos corações ao patriotismo, não há espaço para o preconceito, nenhum lugar para o fanatismo e nenhuma tolerância para o ódio”, disse ele.

“Os jovens que enviamos para combater em nossas guerras no exterior merecem retornar a um país que não está em guerra consigo mesmo em casa. Não podemos permanecer uma força para a paz no mundo se não estivermos em paz um com o outro”.

Uma guerra em andamento

A Guerra no Afeganistão se prolongou por quase 16 anos e a um custo de mais de 2.400 vidas americanas.

A guerra começou em 2001 em um esforço para derrubar uma base em poder do grupo terrorista al-Qaeda. Os Estados Unidos e seus aliados vinham tentando estabelecer um governo democrático no país, que consiste em muitas áreas rurais remotas e fortes divisões tribais, enquanto lutava contra os talibãs.

Combatentes do Talibã em Maydan Shahr na Província de Wardak, Afeganistão, em 26 de setembro de 2008 (STR/AFP/Getty Images)
Combatentes do Talibã em Maydan Shahr na Província de Wardak, Afeganistão, em 26 de setembro de 2008 (STR/AFP/Getty Images)

Algumas regiões foram libertadas do controle do Talibã, apenas para serem posteriormente retomadas pelos extremistas islâmicos – um processo que se repetiu muitas vezes em algumas áreas.

Apenas no dia 14 de agosto, talibãs assumiram o controle do distrito de Ghormach na província de Badghis, pela terceira vez. De acordo com The Long War Journal, talibãs tomaram o centro do distrito em outubro de 2015 antes que as forças afegãs a recuperassem uma semana depois. Mas talibãs logo assumiram o controle novamente em outubro de 2016.

Até agora, neste ano, 11 militares dos EUA foram mortos no Afeganistão de acordo com icasualties.org. Em seu pico, 499 soldados dos EUA foram mortos em 2010, 368 como resultado de artefatos explosivos improvisados.

Colaborou: Joshua Philipp

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