Por Jesús de León, Epoch Times
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse neste fim de semana que mais drogas estão saindo agora da Colômbia do que antes do novo presidente, Ivan Duque, tomar posse.
“Deixe-me dizer uma coisa, a Colômbia tem um novo presidente, ele é realmente um bom rapaz. Eu o conheci, ele veio à Casa Branca. Ele disse que ia acabar com as drogas”, disse Trump, embora tenha afirmado que “mais drogas estão chegando” aos Estados Unidos agora do que antes de Duque assumir a presidência em 7 de agosto do ano passado.
“Há mais drogas saindo da Colômbia agora do que antes de ele ser presidente”, disse Trump depois de visitar o local onde membros do Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos estão consertando uma antiga represa no lago Okeechobee (centro da Flórida).
“Ele não fez nada por nós”, acrescentou o presidente, sem dar mais detalhes.
Reação do governo colombiano
O governo colombiano disse nesta sexta-feira (29) que ficou surpreso com as declarações do presidente Donald Trump em que ele criticou seu colega colombiano, Iván Duque, por não deter o tráfico de drogas para aquele país.
“O presidente Donald Trump, na reunião que teve com o presidente Duque, disse que o que ele viu foi colaboração por parte do governo colombiano e ontem em um relatório entregue pela secretária de Estado, assim ele reconhece, é por isso que estou surpreso com essa declaração”, disse o ministro a jornalistas.
De acordo com o Escritório das Nações Unidas contra as Drogas e o Crime (ONUDD), o cultivo de coca na Colômbia cresceu 17% em 2017, alcançando um recorde de 171 mil hectares, 25 mil a mais do que em 2016.
Enquanto isso, o ministro das Relações Exteriores da Colômbia, Carlos Holmes Trujillo, disse no Twitter que o presidente Duque “recebeu a amaldiçoada herança da maior área de cultivos ilícitos da história e desde o primeiro dia de seu governo está lutando decidida e firmemente contra o problema mundial das drogas”.
Em um vídeo transmitido pelo seu gabinete, ele pediu aos outros países que lutem juntos contra esse flagelo.
Pronunciamiento del Canciller @CarlosHolmesTru: el Gobierno del Presidente @IvanDuque está implementando una política integral para enfrentar con firmeza y contundencia el problema mundial de las drogas ilícitas pic.twitter.com/mPJ47GCTb0
— Cancillería Colombia (@CancilleriaCol) March 30, 2019
“A cooperação internacional tem sido e é fundamental para enfrentar efetivamente o problema global das drogas ilícitas. A Colômbia reitera a importância e a validade do princípio da responsabilidade comum e compartilhada”, afirmou.
Trujillo também afirmou que o país espera “o compromisso determinado de todos os Estados” afetados pelas drogas, ao mesmo tempo em que agradeceu o apoio recebido pelos “parceiros e aliados” da Colômbia.
Da mesma forma, o ministro das Relações Exteriores explicou que, entre agosto de 2018 e fevereiro deste ano, os grupos móveis de erradicação passaram de 23 para 100 e, no mesmo período, 2.923 laboratórios de processamento de cocaína foram destruídos.
“Além disso, de agosto de 2018 a fevereiro de 2019, o governo da Colômbia apreendeu o equivalente a 227 toneladas de cloridrato de cocaína”, disse Trujillo, embora também tenha notado que essas operações foram reconhecidas pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos.
Em fevereiro passado, o presidente Trump recebeu Duque em Washington, onde ele sugeriu que a Colômbia estava atrasada com o trabalho de erradicação das plantações de coca.
“Estamos trabalhando juntos para que a Colômbia erradique algo que eles estão cultivando na Colômbia. Neste momento eu não diria que eles estão indo (cumprindo) mais cedo do que o previsto, mas espero que eles o façam em algum momento no futuro próximo”, disse Trump ao receber Duque no Salão Oval.
O presidente colombiano, em seguida, pediu para responder a essa questão e disse que “nos primeiros quatro meses” de seu mandato, “60 mil hectares foram erradicados, muitos mais do que aqueles que foram erradicados nos seis meses anteriores”.
No final da reunião, Duque garantiu à imprensa que tanto ele quanto Trump compartilham uma “visão clara” sobre a estratégia de combate ao narcotráfico.
Trump ameaçou, em setembro de 2017, eliminar a certificação da Colômbia na luta contra as drogas, ou seja, incluir o país em uma lista negra de nações que não cumprem seus compromissos internacionais contra o narcotráfico.
Embora os opioides continuem sendo a maior fonte de consumo de drogas nos Estados Unidos, a cocaína está retornando, o que leva a um aumento da produção na Colômbia, informou a NBC News.
Em 11 de março, agentes aduaneiros dos Estados Unidos apreenderam o maior carregamento de cocaína recuperado nos portos de Nova Iorque e Nova Jérsei em 25 anos.
A Agência para o Controle de Drogas dos Estados Unidos (DEA) informou que em 28 de fevereiro, 1.450 quilos da droga foram apreendidos em 60 pacotes em Port New York / Newark. Seu valor nas ruas é estimado em 77 milhões de dólares.
Essa é a segunda maior apreensão de cocaína no porto de Nova Iorque / Newark e a maior em quase 25 anos.
O governo colombiano apresentou em dezembro passado uma nova política integral de combate às drogas que se baseia em cinco pilares com os quais busca reduzir a oferta e o crescente consumo de drogas no país. Estes pilares são a redução do consumo de drogas, o ataque à oferta, o desmantelamento das organizações criminosas, o impacto nas economias e rendimentos do crime organizado e a transformação dos territórios em economias lícitas.
Duque, que iniciou seu mandato em 7 de agosto de 2018, reconheceu que as relações entre a Colômbia e os Estados Unidos são marcadas pela questão das drogas devido a esse aumento dos cultivos, que mantêm o país colombiano como o maior produtor mundial de cocaína.
Com informações da Agência EFE