Um alto funcionário da administração dos Estados Unidos disse aos jornalistas que o presidente Donald Trump deve informar o Congresso na sexta-feira que ele aprovou a divulgação pública de um memorando preparado pelo Comitê de Inteligência da Câmara dos Representantes.
O funcionário disse que a decisão foi tomada após a revisão da Casa Branca nos últimos dias em parte para garantir que “não apresente muito em termos de confidencialidade”.
“O presidente está bem com isso”, disse o funcionário. “Eu duvido que haja correções. Está nas mãos do Congresso depois disso.”
De acordo com o presidente do Comitê de Inteligência da Câmara, Devin Nunes (R-CA), que escreveu o memorando, este mostra como os altos funcionários “usaram informações não verificadas num documento judicial para promover uma investigação de contrainteligência durante uma campanha política americana”.
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“Uma vez que a verdade for exposta, podemos começar a tomar medidas para garantir que nossas agências de inteligência e os tribunais nunca sejam usados indevidamente desta forma de novo”, disse Nunes no comunicado.
A informação não verificada comentada por Nunes provavelmente se refere ao chamado dossiê Trump pago pela campanha presidencial de Hillary Clinton e pelo Comitê Nacional Democrata.
A repórter premiada de segurança nacional Sara Carter informou no mês passado que o FBI usou o dossiê não verificado, em parte, para obter um mandado baseado na Lei de Vigilância de Inteligência Estrangeira (FISA, na sigla em inglês) para espionar os membros da equipe de campanha e de transição de Trump.
Se o Departamento Federal de Investigação (FBI) e o Departamento de Justiça (DOJ) enganaram o Tribunal de Inteligência Estrangeira com informações conscientemente falsas ou ocultaram intencionalmente a fonte das alegações, isso poderia ser uma infração criminal.
O vice-diretor do FBI, Andrew McCabe, foi forçado a renunciar na segunda-feira depois que seu chefe, o diretor do FBI Christopher Wray, viu o documento no dia anterior.
Funcionários do alto escalão, incluindo indivíduos dentro do FBI e do DOJ, que podem ser mencionados no memorando, lançaram uma campanha coordenada para impedir a liberação do memorando.
Adam Schiff (D-CA), um membro do Comitê de Inteligência da Câmara, tentou impedir que o memorando fosse divulgado ao público.
Em seu último esforço, Schiff divulgou uma declaração ontem à noite alegando que mudanças foram feitas no memorando depois de ele ter sido votado. Essas mudanças, no entanto, seriam relacionas com pequenas mudanças gramaticais e esclarecimentos, que, de acordo com as regras do Comitê, não exigiriam uma nova votação para divulgá-lo.
O vice-procurador-geral Rod Rosenstein também tentou prevenir que o memorando fosse divulgado ao público. De acordo com um artigo publicado pelo New York Times, Rosenstein é mencionado no memorando como tendo assinado uma extensão da autorização da FISA depois que chegou ao cargo em abril de 2017.
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