Trump declara apoio a campanha anticorrupção da Arábia Saudita

08/11/2017 11:31 Atualizado: 16/11/2017 16:55

O presidente dos Estados Unidos Donald Trump declarou apoio na segunda-feira à noite a uma repressão anticorrupção em larga escala que ocorre na Arábia Saudita.

Dezessete príncipes reais e 38 ministros de alto escalão foram presos desde sábado em uma “faxina” abrangente por um comitê anticorrupção recentemente formado e liderado pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, de acordo com uma lista obtida pela CNN. Dois príncipes também foram mortos: um num acidente de helicóptero e outro durante uma tentativa de prisão.

As prisões começaram pouco depois de Trump indicar em mensagem no Twitter que os EUA vão abrir a porta para a Arábia Saudita para que opere seu negócio de petróleo na lucrativa Bolsa de Nova York.

“Muito apreciaria a Arábia Saudita fazendo seu IPO da Aramco na Bolsa de Valores de Nova York”, escreveu Trump na manhã de sábado. “Importante para os Estados Unidos!”

O momento da mensagem e as prisões podem não ser acidentais, dado o significado da Arábia Saudita para a política externa de Trump. A primeira visita do presidente foi à Arábia Saudita e ele trouxe quase todo o seu gabinete na viagem.

O discurso de Trump na Arábia Saudita enfocou especialmente a erradicação do terrorismo islâmico radical. Ele disse que o “caminho para a paz começa” na Arábia Saudita e ofereceu aos chefes de Estado presentes uma escolha, afirmando que os Estados Unidos apoiarão aqueles que se oporem à propagação do terrorismo.

“Mas as nações do Oriente Médio não podem esperar pelo poder dos EUA para esmagar esse inimigo por eles”, disse Trump. “As nações do Oriente Médio terão de decidir que tipo de futuro querem para si, para os seus países e para as suas crianças.”

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fala durante a Cúpula Árabe Islâmica Americana, no Centro de Conferências do Rei Abdulaziz, em Riade, 21 de maio de 2017 (Mandel Ngan/AFP/Getty Images)
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fala durante a Cúpula Árabe Islâmica Americana, no Centro de Conferências do Rei Abdulaziz, em Riade, 21 de maio de 2017 (Mandel Ngan/AFP/Getty Images)

“Um futuro melhor só é possível se suas nações expulsarem os terroristas e os extremistas. Pôr. Eles. Fora”, disse o presidente americano, acrescentando: “Ponha-lhes para fora de seus lugares de culto. Ponha-lhes para fora de suas comunidades. Ponha-lhes para fora da sua terra sagrada, e ponha-lhes para fora desta terra”.

O príncipe herdeiro Salman, que Trump abordou no tuíte de Aramco, é um líder jovem e reformista que demostrou estar disposto a enfrentar o problema do terrorismo radical islâmico em troca de paz e prosperidade para o seu povo. O príncipe herdeiro e Trump inauguraram o Centro Global de Combate à Ideologia Extremista após o discurso de Trump, sinalizando o apoio do príncipe à causa do presidente americano.

A Arábia Saudita é considerada um dos maiores patrocinadores estatais do terrorismo islâmico. Trump ofereceu ao príncipe herdeiro uma escolha e, aparentemente, tudo tem indicado que o príncipe decidiu se afiliar aos Estados Unidos. A mensagem de apoio de Trump à causa indica que os dois estão no mesmo barco.

A “limpeza” na Arábia Saudita também parece estar ligada ao objetivo de Trump de “drenar o pântano” em Washington. Milhões de dólares da moeda saudita têm financiado organizações sem fins lucrativos, incluindo a Clinton Foundation e The McCain Insitute, que estão ligados à alta nomenclatura política nos Estados Unidos.

O Grupo Podesta, uma empresa lobista de Washington D.C., recebe US$ 140 mil por mês do governo saudita, informou o Huffington Post. Tony e John Podesta fundaram a empresa em 1988. John Podesta presidiu a campanha presidencial de Hillary Clinton em 2016, enquanto a empresa recebeu dinheiro saudita.

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