O presidente estadunidense Donald Trump criticou na quarta-feira a senadora Dianne Feinstein (D-Calif.) por vazar a transcrição de uma audiência a portas fechadas que o Comitê Judiciário do Senado realizou com o cofundador da Fusion GPS, Glenn Simpson.
“O fato da sorrateira Dianne Feinstein, que em numerosas ocasiões afirmou que [prova da] colusão entre Trump e a Rússia não foi encontrada, teria vazado o testemunho de uma maneira tão dissimulada e possivelmente ilegal, totalmente sem autorização, é uma desgraça. Ela deve ter uma primária [eleitoral] difícil!”, afirmou o presidente Trump no Twitter.
The fact that Sneaky Dianne Feinstein, who has on numerous occasions stated that collusion between Trump/Russia has not been found, would release testimony in such an underhanded and possibly illegal way, totally without authorization, is a disgrace. Must have tough Primary!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) January 10, 2018
Feinstein, em várias ocasiões, declarou publicamente que não há evidências de colusão entre a campanha de Trump e o governo russo.
A empresa Fusion GPS está sendo investigada pelo Comitê Judiciário do Senado pelo controverso dossiê que produziu sobre o então candidato presidencial Donald Trump durante as eleições de 2016.
A Fusion GPS contratou o ex-espião britânico Christopher Steele para produzir o relatório, que continha alegações não verificadas contra Trump.
O relatório de 35 páginas, marcado como classificado, depende quase que exclusivamente de fontes ligadas ao Kremlin. Estas incluem um funcionário sênior do Kremlin, um funcionário sênior no Ministério das Relações Exteriores da Rússia e um ex-alto oficial da inteligência russa ainda ativo no Kremlin.
A Fusion GPS, em seguida, vazou as afirmações ultrajantes feitas pelas fontes russas para agências de inteligência nos Estados Unidos e no Reino Unido, para políticos e para organizações de mídia.
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Na mesma época, a empresa também pagou vários jornalistas que relatam sobre assuntos da Rússia.
Uma investigação separada do Comitê de Inteligência da Câmara, liderada pelo congressista Devin Nunes, está tentando determinar se a pesquisa da oposição conduzida pela Fusion GPS sobre Trump formou a base da investigação do Departamento Federal de Investigação (FBI) a respeito das alegações de que a campanha de Trump teria laços com a Rússia.
O FBI abriu sua investigação em julho de 2016, no mesmo mês que Christopher Steele, o ex-espião britânico contratado pela Fusion GPS para escrever o dossiê Trump, conversou com o FBI.
O vazamento da transcrição por Feinstein ocorre quando a Fusion GPS embarca numa campanha de relações públicas, incluindo a publicação de um artigo no New York Times, no qual tenta defender as reivindicações em seu relatório e negar que seu relatório foi a base para a investigação do FBI.
Numa publicação no The Times em 2 de janeiro, os cofundadores da Fusion GPS, Glenn Simpson e Peter Fritsch, escreveram que “não acreditam que o dossiê de Steele tenha sido o acionador da investigação do FBI sobre a intromissão russa”.
Uma revelação de que a investigação de colusão da Rússia foi provocada pelo dossiê, uma pesquisa da oposição paga pela campanha presidencial de Hillary Clinton e pelo Comitê Nacional Democrata, seria um enorme escândalo.
O Comitê de Inteligência da Câmara também está estabelecendo se a investigação do FBI foi usada pela gestão Obama para obter um mandado judicial sob a Lei de Vigilância de Inteligência Estrangeira para espionar a campanha de Trump e sua equipe de transição.
O vazamento da transcrição por Feinstein também ocorre depois que o presidente do Senado, o senador Chuck Grassley (R-Iowa), e o senador Lindsey Graham (R-S.C) referiram Christopher Steele ao Departamento de Justiça (DOJ) para investigação criminal.
O encaminhamento ao DOJ foi feito em função de potenciais declarações falsas aos investigadores sobre a distribuição das informações contidas no dossiê.
“Eu não considero levemente uma referência para investigação criminal. Mas, como eu faria com qualquer evidência credível de um crime descoberto no decorrer de nossas investigações, eu me sinto obrigado a transmitir essa informação ao Departamento de Justiça para uma revisão apropriada”, declarou Grassley num comunicado.