Trump avisa que não haverá DACA sem muro na fronteira com México

02/01/2018 17:36 Atualizado: 02/01/2018 17:36

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reiterou sua posição a respeito de uma das mais delicadas questões sobre imigração, através de seu Twitter na sexta-feira (29).

“Os democratas foram informados, e eu entendo perfeitamente, que não pode haver DACA sem um muro, algo extremamente necessário na fronteira, que representa um FIM para a terrível migração em cadeia e o ridículo sistema de imigração por loteria, etc. Devemos proteger nosso país a todo custo!” twittou Trump na manhã de sexta-feira.

O Congresso está sendo pressionado a chegar a uma solução permanente para os beneficiários da Ação Diferida para Crianças (DACA) antes de março, depois que Trump cancelou o programa em 5 de setembro.

DACA foi instituída através de uma ordem executiva emitida pelo presidente cessante Barack Obama em 2012, como uma medida temporária concedida de forma renovável aos beneficiários; uma autorização de trabalho por dois anos e imunidade contra deportação. Os beneficiários da DACA são estrangeiros que tinham menos de 16 anos quando foram trazidos ilegalmente aos Estados Unidos por seus pais.

“Agora, vamos ser claros, isso não é anistia, não é imunidade, não é um caminho para a cidadania, não é uma solução permanente”, disse Obama na época.

Em 8 de outubro, Trump descreveu suas prioridades de imigração diante do Congresso e disse que suas reformas deveriam ser incluídas antes de considerar qualquer tipo de acordo de anistia para os quase 700 mil beneficiários da DACA.

O presidente sempre reafirmou a necessidade de uma cerca ao longo dos 3.213 quilômetros da fronteira sudoeste, onde ocorre a maior parte do tráfico de pessoas e drogas.

“Recomendamos a construção de um muro ao longo da fronteira sul, que funcionará como uma ferramenta indispensável para deter o tráfico humano, o narcotráfico e a propagação da violência dos cartéis”, disse Ron Vitiello, Comissário interino da Alfândega e da Proteção da Fronteira, em 8 de outubro. “O sucesso dos muros na fronteira é inegável, da perspectiva dos operadores”, acrescentou.

Após a construção da cerca em áreas de fronteira como San Diego e Yuma, no Arizona, houve uma redução drástica no número de imigrações ilegais.

A Lei da Cerca Segura (Secure Fence Act) foi promulgada pelo presidente George W. Bush em 2006 e estabeleceu, em parte, a construção de cercas duplas de 1.126 quilômetros ao longo da borda sudoeste, juntamente com a instalação de sensores, luzes e outras ferramentas táticas.

O senador Chuck Schumer (democrata do Estado de Nova York) votou a favor dessa lei, assim como os senadores Barack Obama e Hillary Clinton.

Presidente Donald Trump sai da Casa Branca a caminho da Flórida em 22 de dezembro de 2017 (Charlotte Cuthbertson/Epoch Times)
Presidente Donald Trump sai da Casa Branca a caminho da Flórida em 22 de dezembro de 2017 (Charlotte Cuthbertson/Epoch Times)

Sistema de imigração baseado no mérito

Trump quer que o Congresso altere a prioridade atual da migração em cadeia, com base na família, para um sistema de imigração com base nas capacidades.

Sua proposta sugere a introdução de um sistema baseado em pontos para concessão de green cards (visto de residência permanente legal), com base em fatores que permitam que essas pessoas se adaptem e se mantenham financeiramente, incluindo grau de escolaridade, conhecimento da língua inglesa e qualificação profissional.

Em sua proposta, Trump afirma que a migração em cadeia não atende o interesse nacional.

“Décadas de imigração pouco qualificada têm baixado os salários, aumentado o desemprego e esgotado os recursos federais”, diz a proposta.

Cerca de 72% das pessoas que obtiveram green cards em 2015 se valeram de suas conexões familiares, de acordo com Francis Cissna, diretor de Serviços de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos.

Trump quer limitar a migração familiar para cônjuges e filhos pequenos e eliminar a loteria de vistos.

A loteria de vistos entrega anualmente 50 mil green cards para participantes de países que tiveram baixa taxa de imigração para os Estados Unidos nos últimos cinco anos.

“Devido aos critérios (de seleção) serem muito baixos, ou você não tem escolaridade e tem poucas qualificações profissionais, ou tem um mínimo de escolaridade, mas nenhuma qualificação profissional. E por ser uma loteria, praticamente qualquer pessoa no planeta, que seja de um país considerado qualificado, pode se aproveitar disso”, disse Cissna em 12 de dezembro.

Os recentes ataques terroristas ocorridos em Nova York deixaram à mostra as vulnerabilidades tanto do sistema de migração em cadeia como da loteria de vistos.

Em 11 de dezembro, o suposto terrorista Akayed Ullah detonou uma bomba caseira em uma passagem subterrânea no metrô de Manhattan. Ele sofreu queimaduras e ferimentos, enquanto outras três pessoas sofreram lesões leves.

Ullah, um imigrante de Bangladesh de 27 anos, chegou aos Estados Unidos depois que seu tio ganhou um green card através do programa de loteria de vistos. O tio trouxe sua irmã, que por sua vez trouxe Ullah, que tinha então 20 anos.

Em 31 de outubro, no centro de Manhattan, o cidadão uzbeque Sayfullo Habibullaevic Saipov atropelou ciclistas com uma van, matando 8 pessoas e ferindo outras 11 antes de ser baleado pela polícia. Saipov ganhou residência permanente através do sistema de loteria de vistos e desde então foi o principal contato de outros 23 imigrantes, de acordo com comentários de Trump em 1º de novembro.

Desde 11 de setembro (dia do atentado às Torres Gêmeas), o Ministério da Justiça já processou mais de 500 pessoas por crimes relacionados ao terrorismo, disse recentemente o procurador-geral Jeff Sessions. Os números preliminares sugerem que quase 75% dos acusados nasceu no estrangeiro.

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