Por Nicole Hao
Em um anúncio surpresa no Twitter, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse em 5 de maio que as tarifas de US$ 200 bilhões em bens chineses aumentarão para 25%, dos atuais 10%, a partir de 10 de maio.
As negociações comerciais entre os Estados Unidos e as autoridades chinesas continuaram na esperança de chegar a um acordo.
Trump acrescentou que um valor adicional de US$ 325 bilhões em mercadorias chinesas – o restante do valor total das importações chinesas para o país – que atualmente não têm impostos, terá tarifas de 25% de impostas sobre elas “em breve”.
Tweets de Trump
Em seu post no Twitter, Trump criticou as negociações comerciais por progredirem muito devagar, “como eles [a China] tentam renegociar” – em seguida, ele encerrou sua mensagem com um assertivo “Não!”.
A decisão de Trump é chocante, pois muitos esperavam que os dois lados pudessem finalizar um acordo até dez de maio, depois que o principal representante comercial da China, o vice-primeiro-ministro Liu He, chegou a Washington com sua delegação para a 11ª rodada de negociações comerciais em oito de maio.
As perspectivas pareciam positivas após a conclusão da 10ª rodada de negociações comerciais em Pequim em primeiro de maio, depois que Sarah Sanders, secretária de imprensa da Casa Branca, disse em um comunicado: “Hoje, o embaixador Lighthizer e o secretário Mnuchin concluíram reuniões produtivas com o vice-premier chinês Liu He. As discussões continuam focadas em avançar substancialmente em questões estruturais importantes e reequilibrar o relacionamento comercial Estados Unidos-China. ”
CNBC citou suas próprias fontes em primeiro de maio, que “Estados Unidos e China podem anunciar um acordo comercial até a próxima sexta-feira [dez de maio]”.
A Bloomberg também informou em cinco de maio que a visita de Liu a Washington “deveria ser uma rodada final de negociações comerciais”, com Trump decidindo mais tarde se deveria se reunir com o líder chinês Xi Jinping para assinar um pacto..
Uma tática?
Depois que Trump fez seu anúncio no Twitter, Tom Orlik, economista-chefe da Bloomberg, disse à BBC em uma entrevista que a mudança era provavelmente uma tática de negociação.
“Mais provável, em nossa opinião, é que esta ameaça renovada é uma tentativa de extrair mais algumas concessões menores nos últimos dias de negociações”, disse ele.
A disputa comercial Estados Unidos-China começou em março de 2018, quando o governo Trump criticou o regime chinês por sua agenda de roubo de propriedade intelectual (IP) de empresas americanas, argumentando que prejudicou a economia dos Estados Unidos.
Os Estados Unidos primeiramente impuseram tarifas de US$ 50 bilhões em bens chineses como medida punitiva. O regime chinês rapidamente retaliou com tarifas sobre aproximadamente US $34 bilhões em bens dos Estados Unidos, principalmente produtos agrícolas.
Em setembro de 2018, o governo dos Estados Unidos impôs tarifas de 10% sobre o valor de US$ 200 bilhões em produtos chineses, desde produtos químicos até têxteis e bens de consumo.
A Casa Branca então deu um prazo até primeiro de janeiro de 2019 para que as negociações comerciais fossem bem sucedidas. Se um acordo não pudesse ser alcançado, a administração aumentaria todas as tarifas para 25%.
Mas em dezembro, à margem da cúpula do G-20, Trump e Xi concordaram com uma trégua de 90 dias, na qual Pequim prometeu importar mais produtos agrícolas e energéticos dos Estados Unidos, e reprimir o uso do fentanil ilegal nos Estados Unidos. Enquanto isso, o lado americano prometeu não aumentar as tarifas.
O período de negociação foi prolongado em março, depois que autoridades de ambos os lados disseram que as negociações comerciais chegaram a um grande avanço.
Autoridades norte-americanas vêm buscando garantias da China de que reprimirão o roubo de PI, acabarão com as políticas forçadas de transferência de tecnologia, abrirão seus mercados para empresas americanas e diminuirão o déficit comercial Estados Unidos-China pelo comércio justo. Fontes disseram que os dois lados estavam negociando um mecanismo para assegurar que a China cumprisse suas promessas.
Até agora, a disputa comercial custou a economia chinesa.
Segundo estimativas de um relatório da Bloomberg de cinco de maio, as tarifas dos Estados Unidos resultaram em uma redução de 0,5% no crescimento do PIB da China em 2019 até o momento. Aumentar as tarifas para 25% sobre 200 bilhões de dólares em bens chineses elevaria esse valor para 0,9%, enquanto a imposição de tarifas de 25 por cento sobre o restante dos bens de 325 bilhões de dólares reduziria o crescimento do PIB em 1,5 por cento.