Um tribunal na Rússia condenou nesta quarta-feira à revelia o jornalista Alexander Nevzorov, declarado “agente estrangeiro” no país, a oito anos de prisão, por difusão de “notícias falsas sobre as Forças Armadas envolvidas na campanha militar na Ucrânia, segundo a agência local de notícias “Interfax”.
A juíza Yevguenia Nikolaeva, da corte do distrito de Basmanny, em Moscou, leu hoje a sentença contra o profissional de imprensa, que vive fora da Rússia e que foi acusado de ter “difundido publicamente, sob a aparência de informações confiáveis, informação deliberadamente falsa sobre as ações das Forças Armadas”.
A decisão da magistrada inclui uma proibição para o jornalista administrar recursos na internet durante quatro anos.
O Ministério Público, que havia pedido na véspera nove anos de prisão, afirma que Nevzorov, “expressando seu desacordo com a operação militar especial que está sendo realizada pela Federação Russa e atuando por motivos de ódio político”, publicou nos seus canais do Telegram e Youtube “notícias falsas”.
O material, acrescenta a acusação, era destinado a ser visto “por um número ilimitado de pessoas, em formato de texto e vídeo”.
Ainda de acordo com o MP, se tratavam de informações falsas sobre a destruição deliberada, por militares russos, de um hospital-maternidade em Maiupol e de crimes contra a população civil em Bucha, na região metropolitana de Kiev.
A defesa insistiu na inocência de Nevzorov, garantindo que ele utilizava informações de fontes abertas em seu material jornalístico.
O jornalista manteve um conhecido programa de televisão, chamado “60 Segundos”, em um canal de televisão de São Petersburgo (então Leningrado), que era veiculado em toda a União Soviética. ALémd isso, colaborou com a rádio “Eco de Moscou”, que teve o fechamento forçado pelo Kremlin.
O comunicador foi incluído na lista de pessoas procuradas na Rússia e teve a prisão decretada quando estava fora do país.
Nevzorov foi um dos críticos da intervenção militar da Rússia na Ucrânia, murando o posicionamento nacionalista anterior, pois, em 2012, apoiou Vladimir Putin em campanha para presidente.
Dois anos depois, se opôs à anexação russa da península da Crimeia. Já em abril de 2021, afirmou que uma invasão à Ucrânia terminaria em uma tragédia e humilhação para a Rússia.
Em março do ano passado, foi formalmente acusado de veicular informações falsas sobre as Forças Armadas.
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