Um tribunal de Bangladesh absolveu nesta quarta-feira (07) o vencedor do Prêmio Nobel da Paz, Muhammad Yunus, de uma sentença de seis meses de prisão por múltiplas violações da legislação trabalhista, antes que assuma o cargo de chefe do governo interino após a renúncia e fuga do país da ex-primeira-ministra Sheikh Hasina.
“Estamos, é claro, felizes com o veredito porque o Estado de Direito foi restaurado”, disse à imprensa o advogado do Prêmio Nobel, Abdullah Al Mamun.
Um tribunal do trabalho de Daca absolveu Yunus e três outros executivos da empresa Grameen Telecom, depois de terem sido condenados à prisão no último mês de janeiro em um caso que alegaram ser movido por razões políticas.
O vencedor do Nobel da Paz e os executivos não foram presos porque o tribunal lhes deu tempo para recorrer em uma corte superior.
Yunus foi acusado em setembro de 2021 de não instituir um fundo de contribuição dos trabalhadores e um fundo de previdência na sua empresa, bem como de não partilhar com seus empregados os benefícios a que tinham direito, entre outras acusações.
O homem conhecido como “o banqueiro dos pobres” ganhou o Nobel da Paz em 2006 por ter fundado o Grameen Bank para combater a pobreza em Bangladesh, concedendo microcréditos a pessoas com recursos limitados que normalmente seriam rejeitadas no sistema financeiro.
No entanto, sempre manteve uma relação tensa com as autoridades de Bangladesh desde que Hasina chegou ao poder.
Se a rivalidade com Hasina levou Yunus a enfrentar dezenas de casos nos tribunais, a queda da agora ex-primeira-ministra após semanas de manifestações que deixaram mais de 400 mortos catapultou o vencedor do Nobel para a linha de frente da política.
O presidente de Bangladesh, Mohammed Shahabuddin, concordou na terça-feira em nomear Yunus, de 84 anos, como conselheiro sênior do governo interino, depois que líderes dos protestos antigovernamentais que derrubaram a ex-primeira-ministra Sheikh Hasina propuseram sua candidatura.
Yunus poderá ser empossado amanhã como líder do governo interino, assim que retornar ao país, segundo disse o chefe do Exército bengalês, Waker-Uz-Zaman, em entrevista coletiva.