Por Agência EFE
Os trabalhadores de saúde da Venezuela completaram nesta segunda-feira (16) 22 dias de protestos por melhorias salariais e, diante da falta de respostas do governo, pediram aos cidadãos que se somem à “luta” do setor.
“Fazemos um chamado ao povo venezuelano para que se some à luta do setor da saúde (…), ao direito que você tem a ter insumos — materiais médicos — nos hospitais, mas também a um salário que satisfaça as necessidades básicas”, disse a jornalistas a presidente do Colégio de Enfermeiras de Caracas, Ana Rosario Contreras.
Em um hospital público do oeste de Caracas, no qual era possível escutar palavras de ordem como “salário digno já” e “povo, escuta, una-se à luta”, Contreras afirmou que os protestos estão acontecendo em 90% dos centros de saúde pública da capital venezuelana, bem como em outros de todo o país.
Nesta segunda-feira se completaram 22 dias do conflito laboral entre os grêmios da saúde e o Estado venezuelano por melhorias nos hospitais e aumentos salariais que façam frente à inflação de 2,8% por dia que assola o país, segundo dados oferecidos pelo parlamento, único poder controlado pela oposição.
O governo venezuelano não ofereceu respostas a estas manifestações, que acontecem diariamente nos hospitais das principais cidades da Venezuela, embora tenha pago aos trabalhadores bonificações que não superam 30 milhões de bolívares (US$ 250 ou US$ 12, segundo a taxa de câmbio que se use) e que não incidem nos cálculos salariais.
As enfermeiras, face mais visível do conflito, asseguram que recebem o salário mínimo mensal do país, que se situa em 5.196.000 bolívares (US$ 43 ou US$ 2,1), que hoje não é suficiente para comprar sequer um litro de leite.
Os trabalhadores do setor reiteraram ontem que continuam avaliando levar os protestos até às imediações do Palácio de Miraflores, sede do Executivo, e expressaram sua preocupação pela crise que sacode o país e pulverizou seu poder de compra.
Além disso, lembraram que são os pacientes que devem buscar pelos seus próprios meios os remédios e materiais para poderem ser atendidos em um centro de saúde, fatos que violam o direito constitucional à saúde.
O partido venezuelano Movimento ao Socialismo (MAS), antigo aliado do chavismo governante, criticou hoje a falta de respostas do governo de Nicolás Maduro aos protestos.
“A crise nos hospitais envolve e afeta 500 mil trabalhadores entre pessoal médico, operário e administrativo por terem salários que não lhes permite nem comprar um par de sapatos”, lamentou Jesús Tapia, secretário nacional juvenil do MAS.
Por sua vez, a legenda opositora Primeiro Justiça (PJ), do duas vezes candidato à presidência Henrique Capriles, responsabilizou Maduro pelo colapso não só do sistema de saúde, mas também dos serviços públicos em geral.
“É o momento de organizar as pessoas para que possam sair para exigir seus direitos”, declarou em uma coletiva de imprensa o deputado e dirigente do PJ, Tomás Guanipa.
Guanipa indicou que o sistema venezuelano de transporte público colapsou há meses, uma situação que deixa os trabalhadores sem ter como chegar aos seus locais de trabalhos.