O Tribunal Penal Internacional (TPI) denunciou nesta terça-feira uma “atividade anômala” em seus sistemas de informação e garantiu que já tomou “medidas” para responder ao que descreveu como um “incidente de cibersegurança”, mas não informou a origem deste possível ataque.
De acordo com o porta-voz do TPI, funcionários da corte detectaram no final da semana passada uma “atividade anômala que afetou seus sistemas de informação”, mas que “medidas imediatas foram tomadas” para “mitigar seu impacto” com a ajuda da Holanda, onde fica a sede do tribunal, em Haia.
No entanto, o tribunal informou que “não dará mais informações em relação a esse incidente no momento”, nem detalhes sobre a possível origem desse incidente ou a extensão dos danos causados.
O tribunal tem jurisdição para investigar crimes de guerra, crimes contra a humanidade, genocídio e agressão, e tem várias investigações e casos abertos envolvendo países como Ucrânia, Venezuela, Sudão, Filipinas e Mianmar.
“Medidas adicionais de resposta e segurança estão atualmente em andamento, com a assistência das autoridades do país anfitrião. Enquanto o Tribunal continua a analisar e mitigar o impacto desse incidente, a prioridade também está sendo dada para garantir que o trabalho principal do Tribunal continue”, acrescentou o porta-voz.
O TPI comprometeu-se, ainda, a aproveitar “o trabalho existente atualmente em andamento para fortalecer sua estrutura de segurança cibernética, incluindo a aceleração do uso da tecnologia de nuvem” e pediu o “apoio” de seus 123 Estados membros para “aumentar ainda mais a resiliência institucional em circunstâncias difíceis”.
No ano passado, o serviço de inteligência holandês (AIVD) impediu que um espião russo que trabalhava para o serviço de inteligência militar (GRU) se infiltrasse no TPI como estagiário, usando uma identidade brasileira falsa para viajar do Brasil para a Holanda.
O espião em questão, que se apresentava como Viktor Muller Ferreira, mas cujo nome verdadeiro é Sergey Vladimirovich Cherkasov, planejava iniciar um estágio não remunerado no TPI, o que lhe daria acesso ao prédio e aos sistemas do tribunal internacional.
Detido pela Holanda e deportado, ele está preso preventivamente no Complexo da Papuda, em Brasília. No último dia 6, a 5ª Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), em São Paulo, negou um recurso apresentado pela defesa de Cherkasov para que ele passasse do regime semiaberto para o aberto.
“Se o oficial de inteligência tivesse obtido acesso como estagiário ao TPI, ele teria sido capaz de coletar informações de inteligência e buscar (ou recrutar) fontes, além de organizar o acesso aos sistemas digitais do TPI”, alertou o AIVD na época.
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