Tóquio implementa semana de trabalho de 4 dias em tentativa de reverter queda na taxa de fertilidade

Por Redação Epoch Times Brasil
12/12/2024 14:31 Atualizado: 12/12/2024 14:31

Em uma tentativa de enfrentar a drástica queda na taxa de natalidade, Tóquio lançará, a partir de abril de 2025, um programa que permitirá aos funcionários públicos adotarem uma semana de trabalho de quatro dias. 

Com essa mudança, os trabalhadores terão três dias de folga, o que visa melhorar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, especialmente para pais e mães.

A governadora de Tóquio, Yuriko Koike, anunciou a medida em um discurso na quarta-feira (11), enfatizando a necessidade de repensar o formato de trabalho para que eventos como a criação de filhos não se tornem obstáculos à carreira. 

“Agora é o momento de Tóquio tomar a iniciativa de proteger e melhorar as vidas, os meios de subsistência e a economia do nosso povo durante esses tempos desafiadores para o país”, declarou Koike.

Medidas contra o declínio populacional

A taxa de fertilidade no Japão atingiu um novo recorde de baixa, com apenas 727.277 nascimentos no ano passado, resultando em uma taxa de fertilidade de 1,2 filhos por mulher — bem abaixo dos 2,1 necessários para manter a população estável. 

Em resposta, o governo japonês tem adotado diversas iniciativas para reverter essa tendência, como incentivos fiscais para famílias e a promoção de licença-paternidade.

A cultura de trabalho no Japão, conhecida por suas longas jornadas e altas exigências, tem sido apontada como uma das principais causas para a queda no número de nascimentos. 

Muitos trabalhadores, especialmente as mulheres, enfrentam dificuldades para conciliar carreira e maternidade, o que tem afastado a população jovem da ideia de formar famílias.

As longas jornadas de trabalho representam um grande desafio no ambiente corporativo japonês, expondo os trabalhadores a sérios riscos à saúde, como o fenômeno extremo conhecido como “karoshi” — a morte resultante do excesso de trabalho. 

Em 2022, uma pesquisa indicou que mais de 10% dos homens e 4% das mulheres no Japão trabalham acima de 60 horas semanais, o que tem contribuído para o aumento de casos de “karoshi”. Nesse ano, o país registrou 2.968 suicídios relacionados a essa causa, superando os 1.935 casos do ano anterior.

Japoneses resistem à ideia de trabalhar menos

Embora iniciativas para reduzir a carga de trabalho estejam sendo implementadas em algumas empresas japonesas, muitos trabalhadores ainda hesitam em adotar uma escala reduzida. 

Na Panasonic Holdings, por exemplo, apenas 150 dos 63 mil funcionários elegíveis para a jornada de quatro dias optaram por essa mudança, segundo Yohei Mori, responsável pela iniciativa dentro da empresa, em entrevista à CNBC.

Essa resistência está profundamente ligada à cultura de trabalho no Japão, que valoriza a dedicação extrema ao emprego. 

Em 2023, o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, destacou a gravidade da situação, alertando que o país estava à beira de um colapso devido à queda contínua na taxa de natalidade.