Tenente-coronel revela torturas contra militares que se opõem a Maduro (Vídeo)
Por Jesús de León, Epoch Times
Um tenente-coronel do exército venezuelano preso pelo regime revelou em uma carta as torturas a que é submetido um grupo de oficiais de alta patente presos por se oporem a Maduro.
Estes nove membros do Exército foram presos em março de 2018. Um deles, que pediu para manter sua identidade em segredo, contou as torturas que ele e seus companheiros sofreram desde seu “sequestro”, de acordo com Caraota Digital.
O oficil contou que, sem uma investigação prévia nem uma ordem de prisão de algum tribunal, eles prenderam os nove policiais em seus locais de trabalho em 2 de março de 2018.
Após a detenção, eles foram transferidos para a sede da Dgcim, em Boleíta, um dos centros de tortura do regime de Maduro.
O tenente-coronel descreveu em uma carta como foram violados seus direitos civis e legais. Também descreveu as torturas de que foram vítimas.
“Espancamentos, humilhações, abuso psicológico, pancadas nos tornozelos com pedaços de madeira”. Eles também foram privados de sono e permaneceram com as mãos algemadas nas costas por vários dias. Tiveram que dormir no chão frio por semanas Eles colocaram capuzes neles e aplicaram gás lacrimogêneo no rosto.
#LibertadParaPresosPolíticos El es el Teniente Coronel Mota Marrero, 1er Comandante del 413 Batallón Blindado “GD Pedro León Torres”.
Un oficial leal y comprometido con el Ejército que lleva tres meses preso en Ramo Verde a la espera de la celebración de su audiencia preliminar. pic.twitter.com/dkRzj9Zxtl— Justicia Venezolana (@JusticiaOrg) June 12, 2018
“Nós vivemos um pesadelo. Com um cortador de unhas eles me cortaram a sola dos pés. Jogavam nossa comida no chão para que comêssemos. Eles me submeteram a mecanismos de sufocamento mecânicos e choques elétricos. Somente sete dias após a prisão foi que eles nos levaram perante o terceiro tribunal de controle do Tribunal Militar Marcial de Caracas”, disse ele.
“O devido processo deve acontecer no máximo 48 horas desde a prisão”, reclamou ele.
Os oficiais presos
Entre os oficiais presos há 3 comandantes:
#19M; siguen suspendidas las visitas del Tcnel Igber Marin Chaparro, quien se encuentra detenido en la DGCIM, sin explicación alguna; sus familiares tienen varias semanas sin saber de él. @mbachelet @Almagro_OEA2015 pic.twitter.com/aYatQoG5uj
— Alonso Medina Roa (@medinaroaalonso) May 19, 2019
Tenente Coronel Deivis Esteban Mata Marrero, comandante do 413º Batalhão Blindado GD Pedro León Torres, localizado em Valência, estado de Carabobo.
Tenente-Coronel Víctor Eduardo Soto Méndez, comandante do Batalhão Blindado Laurencio Silva, localizado em El Rastro, Calabozo.
Tenente Coronel Henry Medina Gutiérrez, comandante do Batalhão em San Cristóbal, estado de Táchira.
Também foram presos o tenente-coronel Erick Fernando Peña Romero diretor do hospital militar Carlos Arvelo, vinculado por ter trabalhado no Sebin com o ex-ministro Miguel Rodríguez Torres, e o Tenente-Coronel Juan Carlos Peña Palmentierri, que estava realizando um curso na escola superior em Caracas.
A eles se juntaram também o primeiro tenente Yeiber Ariza, o sargento Julio Carlos Gutiérrez e o sargento Yuleima Medina.
O tenente-coronel Igbert José Marín Chaparro também está nesse grupo. Ele é considerado uma “ameaça” por Maduro, diz a carta. É o oficial que obteve as melhores notas na história militar da Venezuela.
Así son las celdas de las Dgcim donde realizan torturas (+Video) https://t.co/h9xJ9VqDBR pic.twitter.com/wkbNdaVqOE
— Noticiero Zulia (@NoticieroZulia) May 18, 2019
Ele comandou o Batalhão Blindado GD Pedro Pablo Ayala, localizado em Caracas, considerado como “um poder de fogo imparável”. É vital para as FAN por ser um dos maiores do país em termos de cavalaria motorizada. Possui tanques Dragon 300 e 45 tanques T-72b1, com alto poder de fogo.
Territorialmente, este batalhão protege todas as autoridades públicas estabelecidas na capital e altas personalidades do regime de Maduro.
Naquela época, Marín Chaparro era o suposto líder do Movimento de Transição para a Dignidade do Povo.
Este tenente-coronel é o único que ainda está no Dgcim de Boleíta com esta causa e o único ausente por transferência. “Eles temem que sua liderança possa influenciar Ramo Verde”, diz a carta.
Todos os outros oficiais foram acusados dos crimes de traição à pátria, incitação à rebelião e atos contra a decência militar. “Todos foram acusados de participar de reuniões com caráter conspiratório”, além disso, “foram levados a julgamento sem provas”, diz a carta.
Maduro ordena mais pressão sobre os oficiais
Em sua insistência em ter controle sobre as FAN, Maduro ordenou que manter pressão sobre os militares. Portanto, desde os oficiais subalternos até generais mais velhos sofrem tortura e violência absoluta nas prisões, denunciou Caraota Digital.
De acordo com o jornal Punto de Corte, são mais de 143 oficiais de todos os postos da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) que foram imputados por estes crimes porque são suspeitos de conspirar ou discordar do regime.
O número pode aumentar, porque nesta terça-feira (21) Maduro pediu a todos chefes de unidades militares para que denunciem e prendam quem quer que se oponha a ele: “Se aparecer um traidor, prenda-o imediatamente”, disse Maduro em um discurso em Carabobo.
“Exigimos justiça e liberdade”, disse o tenente-coronel no final de sua carta.
Esta semana, a advogada venezuelana Tamara Suju apontou Maduro como o principal responsável pelas torturas na Venezuela.
“Nicolás Maduro sabe e tem conhecimento das torturas, seus executores, das prisões e centros clandestinos onde são executados, quem é morto e quem executa. Nicolás Maduro é o chefe da estrutura repressiva, de onde ele usurpa o poder, além de ser seu comandante em chefe, do qual se vangloria marchando com eles e premiando-os por reprimir a população civil, da mesma forma que garantiu condecorações para aqueles que reprimiram, assassinaram e feriram nossos jovens em Caracas em 30 de abril”, denunciou a advogada venezuelana.