Por Katabella Roberts
O governo de Taiwan proibiu todo o uso oficial do serviço de videoconferência Zoom em meio a preocupações crescentes de segurança, marcando a primeira vez que um governo impõe uma ação formal contra a empresa.
Em um comunicado publicado em 7 de abril, o ramo executivo do governo de Taiwan disse que “se as agências precisarem realizar videoconferência remota para atender às necessidades comerciais, elas não devem usar produtos que gerem preocupações com segurança como o Zoom” e que “software de vídeo que não seja chinês deve ser usado”.
“Atualmente, todos os principais provedores internacionais de serviços de informação fornecem software gratuito durante a epidemia, como Google ou Microsoft. Sob a avaliação de riscos de segurança, [estes] podem ser considerados para uso”, continuou.
A popularidade do Zoom disparou nas últimas semanas, à medida que regras estritas de distanciamento social e confinamento doméstico foram lançados em países do mundo todo. Governos, empresas e até escolas foram forçados a trabalhar em casa em meio à pandemia de vírus do PCC (Partido Comunista Chinês) e utilizaram o serviço de videoconferência para manter a comunicação.
Uma declaração publicada pelo CEO da Zoom, Eric Yuan, em 1º de abril, disse que a empresa, com sede em San Jose, Califórnia, viu sua base de usuários diária crescer de 10 milhões em dezembro do ano passado para mais de 200 milhões no mês passado, incluindo mais de 90.000 escolas em 20 países, acrescentando que superou em muito as expectativas iniciais.
No entanto, o Zoom também passou por escrutínio nos últimos meses devido a uma série de preocupações de segurança e privacidade e depois que o CEO admitiu que suas chaves de criptografia estavam sendo transmitidas para servidores na China em alguns casos. Mais recentemente, os recursos de privacidade e segurança do Zoom tem sido cuidadosamente examinados depois que hackers exploraram um recurso de compartilhamento de tela sequestrando reuniões e salas de aula on-line com mensagens em um fenômeno emergente conhecido como “zoom bombing”.
Desde então, Yuan pediu desculpas pelo encaminhamento equivocado de chamadas via China, explicando que isso ocorreu porque a empresa estava lidando com um “aumento maciço” na demanda. O CEO disse que a empresa corrigiu isso e parou de usar essa capacidade como backup para clientes não chineses. “Também trabalhamos para melhorar nossa criptografia e trabalharemos com especialistas para garantir que estamos seguindo as melhores práticas”, acrescentou, mas não disse quantos usuários foram afetados pelo problema.
Como a China se recusa a reconhecer Taiwan como um estado independente – apesar da ilha auto-governada ter sua própria moeda, poderio militar e governo eleito democraticamente – os dados oficiais transmitidos pela China podem ser considerados uma ameaça à privacidade do país.
Logo após o anúncio de Taiwan que baniu o serviço de videoconferência, o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha também restringiu o uso do Zoom na quarta-feira, devido à falta de criptografia adequada e fraquezas “críticas” no software, segundo o jornal alemão Handelsblatt.
Nos Estados Unidos, várias escolas proibiram o uso do Zoom para aulas remotas e mudaram para o Microsoft Teams. A procuradora-geral da cidade de Nova Iorque, Letitia James, também iniciou investigações sobre o Zoom sobre práticas de privacidade e segurança de dados, enquanto na Califórnia um de seus acionistas entrou com uma ação contra a empresa, acusando-a de exagerar seus padrões de privacidade e de não divulgar que seu serviço não estava sendo prestado criptografado de ponta a ponta.
O acionista, Michael Drieu, alegou em um processo judicial que uma série de reportagens recentes da mídia destacaram as falhas de privacidade no aplicativo de Zoom e fizeram com que as ações da empresa despencassem.
Mais recentemente, a SpaceX de Elon Musk proibiu os funcionários de usar o software por causa de “importantes preocupações de privacidade e segurança”, enquanto a agência espacial NASA fez o mesmo. No início desta semana, o Google também proibiu o uso do Zoom nos computadores dos funcionários, uma vez que “não atende aos padrões de segurança”.
Janita Kan contribuiu para esta reportagem.