Taiwan prepara legislação para vetar plataformas chinesas ‘OTT’

Venda dos EUA de 66 aeronaves F-16 à ilha gerou suspeitas

20/08/2020 23:52 Atualizado: 21/08/2020 10:09

Por Agência EFE

Taiwan está preparando um novo regulamento para impedir que empresas locais colaborem com provedores chineses de serviços de transmissão gratuita, também conhecidos como OTT, com o objetivo de inviabilizar a operação na ilha, anunciou seu Ministério da Economia.

As plataformas OTT (‘over the top’) são aquelas que transmitem conteúdo para dispositivos conectados, incluindo televisores, desenvolvidas graças ao aprimoramento da transmissão da Internet.

Isso nos permite oferecer conteúdo audiovisual de qualidade para smart televisores que usam plataformas como Netflix, Amazon Prime Video, HBO ou, no futebol, Bein Connect.

No caso da China, várias empresas tentam acessar o mercado externo por meio de plataformas como iQiyi, equivalente à Netflix, e WeTV, esta última da Tencent, dona da rede social WeChat.

As autoridades esperam que o regulamento – que entraria em vigor no dia 3 de setembro se aprovado pelo Executivo e pelo Legislativo – proíba os agentes taiwaneses de atuarem como intermediários em nome das plataformas chinesas e oferecerem seus serviços, já que, oficialmente, não podem operar em Taiwan.

Assim, as empresas taiwanesas que fazem parceria com fornecedores chineses podem ser multadas em até US$ 170.000, de acordo com o projeto de lei, embora especialistas citados pela imprensa local garantam que não se trata de veto e que, em última análise, os taiwaneses poderão ver e pagar por esses tipos de assinaturas.

A medida é tomada em meio às relações abaladas entre os dois lados do Estreito após a recente visita à ilha do secretário de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, Alex Azar, fortemente criticada por Pequim.

A autorização para a venda dos EUA de 66 aeronaves F-16 à ilha – acertada no ano passado – e que os EUA ratificaram em 14 de agosto, também gerou suspeitas, noticiou a imprensa local.

As autoridades da ilha não confirmaram a compra dessas aeronaves ou quando estariam disponíveis, mas em agosto do ano passado assinaram um Memorando de Entendimento (MOU) para adquiri-las.

Os EUA começaram há um ano a preparar a venda da nova versão do F-16, chamada Viper, que pode transportar uma ampla gama de mísseis ar-superfície de curto e médio alcance e é considerada mais capaz de contra-atacar a ameaça dos jatos de quarta geração da China, como o Su-35 e o J-10.

A China considera Taiwan uma “província rebelde” que deve retornar à sua soberania, enquanto a ilha opera de forma autônoma desde 1949.

Embora os Estados Unidos tenham rompido relações diplomáticas oficiais com Taipei em 1979 e as mudado para Pequim, Washington continuou a manter intercâmbios desde então e o governo Trump aumentou as vendas de armas para a ilha.

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