Cinco funcionários da BASF Taiwan são acusados de venda de segredos comerciais para a China

27/07/2019 18:58 Atualizado: 28/07/2019 08:14

Por Eva Fu

Promotores de Taiwan acusaram cinco membros atuais e ex-funcionários da BASF de roubo de segredos da empresa para venda à rival chinesa Jianghua Micro, em 24 de julho.

O gerente da BASF, Huang Yilin, 45 anos, e os quatro ex-funcionários que ele supostamente recrutou foram acusados de violação de confiança e violação da Lei de Segredos Comerciais, da Lei de Direitos Autorais e do Código Penal, de acordo com um comunicado de imprensa da Promotoria do Distrito de Taiwan, Taoyuan, em 24 de julho.

Conhecida como o maior grupo químico do mundo, a BASF produz petroquímicos, revestimentos, catalisadores e espumas, com centenas de instalações de produção em todo o mundo, incluindo a Europa, a costa leste dos Estados Unidos e a cidade costeira de Nanjing.

O caso da BASF é o mais recente incidente de suspeita de espionagem industrial chinesa na ilha auto-governada.

As autoridades de Taiwan prenderam seis gerentes e engenheiros atuais e antigos da empresa em janeiro, após o lançamento de uma investigação sobre suspeita de roubo de tecnologia corporativa.

A tecnologia envolvida inclui instruções detalhadas sobre a fabricação de ácido sulfúrico de grau eletrônico – um elemento crucial no processo de fabricação de semicondutores – que tem um valor de mercado estimado em US$ 111,5 milhões, de acordo com a Central News Agency, de Taiwan.

A BASF disse em comunicado em janeiro que suspendeu seu contrato com Huang, mas não o identificou.

FILE PHOTO:BASF plant in Schweizerhalle, near Basel, Switzerland
Um ciclista passa pela entrada da fábrica da BASF e do antigo local de produção da Ciba em Schweizerhalle, perto de Basileia, na Suíça, em 7 de julho de 2009 (Reuters)

Alegado roubo de segredos comerciais

Promotores de Taiwan disseram que os cinco acusados se uniram para fundar a Yang Yi International Co. em junho de 2016, com todos, exceto Huang, listados como acionistas.

A empresa então assinou contratos com a concorrente da BASF, a Jiangyin Jianghua Microelectronics Materials Co. (também conhecida como Jianghua Micro), com sede na província chinesa de Jiangsu. A Jianghua Micro havia oferecido 40 milhões de yuans (US$ 5,8 milhões) a Yang Yi para construir uma fábrica na China.

Quatro dos ex-funcionários acabaram trabalhando para a Jianghua Micro, enquanto Huang permaneceu na BASF e trabalhou para a Jianghua Micro sob um pseudônimo.

A Jianghua Micro, segundo o comunicado , concordou em pagar aos quatro indivíduos salários anuais que variam de 600.000 yuans (US$ 87.200) para 1,1 milhões de yuans (US$ 160.000), enquanto Huang embolsou 144.000 yuan ($ 20.900) em honorários de consultoria da empresa.

O promotor disse que os funcionários transmitiram informações confidenciais por meio de e-mails e uploads de servidores em nuvem, incluindo as versões completas dos diagramas de equipamentos, fluxogramas, procedimentos padrão e manuais de instruções de trabalho.

Apenas sete pessoas do Grupo BASF global têm acesso eletrônico ao diagrama de tubulação e instrumentação (P & ID), disse o promotor.

A equipe, disse o comunicado, também pediu à empresa japonesa JCEM para recriar o P & ID adaptado às necessidades de fabricação da Jianghua Micro, que eles usaram para construir uma linha de produção química para a empresa na província de Jiangsu.

Evidência de roubo

De acordo com o comunicado, a polícia, que estava monitorando as atividades de telefone e internet de Huang, detectou uma grande quantidade de dados confidenciais da BASF transferidos através do servidor de e-mail em sua residência.

A polícia também revistou as casas dos outros quatro conspiradores e confiscou uma “grande quantidade de informações contendo os segredos comerciais da BASF Taiwan”, segundo o comunicado.

“Huang … e outros estavam bem cientes de que a tecnologia básica da BASF SE para produzir ácido sulfúrico de categoria eletrônica “tem valor econômico considerável, e que a BASF Taiwan tem tomado medidas rígidas para proteger o conteúdo da tecnologia”, afirmou o promotor.

Em um comunicado de 24 de julho, a subsidiária da BASF em Taiwan disse que também entrou com uma ação penal contra os ex-funcionários, acrescentando que a empresa instituiu um sistema aprimorado de proteção de informações e realizará treinamento regular da equipe para evitar a ocorrência de incidentes semelhantes.

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