Suécia desiste da investigação conjunta sobre vazamento do Nord Stream e se recusa a compartilhar descobertas citando segurança nacional

Por Mimi Nguyen Ly
15/10/2022 16:20 Atualizado: 15/10/2022 16:20

A Suécia optou por não aceitar a proposta de criar uma equipe formal de investigação conjunta com a Dinamarca e a Alemanha para investigar os recentes vazamentos dos gasodutos, de propriedade russa, Nord Stream 1 e 2.

Mats Ljungqvist, o promotor sueco envolvido na investigação criminal do país sobre os vazamentos na zona econômica sueca, disse à Reuters que o país não se juntaria a uma equipe de investigação conjunta da agência de cooperação judiciária Eurojust.

Segundo a Eurojust, uma Equipa Conjunta de Investigação é “uma das ferramentas mais avançadas utilizadas na cooperação internacional em matéria penal, compreendendo um acordo jurídico entre autoridades competentes de dois ou mais Estados para efeitos de investigação criminal”. Essas equipes são estabelecidas por um período fixo que normalmente é de 12 a 24 meses.

Fazer isso significaria que a Suécia teria que compartilhar informações de sua própria investigação sobre os vazamentos do Nord Stream, que foram retidas sob a alegação que as informações são confidenciais. Ljungqvist disse à Reuters que as informações sujeitas à confidencialidade estão “diretamente ligadas à segurança nacional”.

As observações de Ljungqvist vêm depois que o site de notícias alemão Der Spiegel relatou uma situação semelhante, citando fontes de segurança alemãs não identificadas. Ele disse que a Suécia rejeitou a ideia de compartilhar informações que descobriu de sua investigação sobre os vazamentos do Nord Stream com a Alemanha e a Dinamarca, dizendo que “o nível de confidencialidade dos resultados de sua investigação era muito alto para compartilhá-los com outros estados”.

Ljungqvist observou que, fora da equipe de investigação formal proposta, a Suécia havia cooperado com a Dinamarca e a Alemanha na investigação do vazamento do Nord Stream.

Segundo a Reuters, um porta-voz dos Serviços de Segurança Suecos disse que a polícia de segurança está cooperando estreitamente com outras autoridades, também internacionais, como parte da investigação criminal sueca.

Um porta-voz do Ministério do Interior alemão disse a repórteres, na sexta-feira, que a Polícia Federal alemã completou sua parte de investigar a suposta sabotagem nos oleodutos e entregou suas descobertas.

Dias antes, em 11 de outubro, a ex-primeira-ministra da Suécia, Magdalena Andersson, disse que o país não pode compartilhar informações sobre sua investigação dos vazamentos do Nord Stream com a Rússia. “Na Suécia, há sigilo em torno da investigação preliminar e isso também se aplica a este caso”, disse ela, informou a Associated Press.

Antes disso, o Serviço de Segurança Sueco havia anunciado em 6 de outubro que, com base em sua investigação preliminar, os vazamentos dos gasodutos Nord Stream provavelmente foram causados por “sérias sabotagens” e que “detonações” provavelmente causaram os vazamentos.

Quatro vazamentos

Um total de quatro vazamentos foram detectados nos gasodutos Nord Stream – dois no Nord Stream 1 e dois no Nord Stream 2 – no final de setembro, provocando suspeitas e preocupações generalizadas, inclusive pela OTAN, de sabotagem. Enquanto os dois gasodutos Nord Stream, que viajam pelo Mar Báltico da Rússia para a Alemanha, não estavam em operação, ambos estavam cheios de gás que vazou para a superfície da água. O Nord Stream 1 havia parado recentemente de fornecer gás e o Nord Stream 2 nunca começou a operar.

O quarto vazamento, no sul da Suécia, foi relatado pela guarda costeira sueca em 29 de setembro. Os três vazamentos anteriores foram relatados em 26 de setembro. Nord Stream AG, a operadora da rede, divulgou um comunicado que sinalizava o momento próximo dos três vazamentos. Ela disse a repórteres: “A destruição que ocorreu no mesmo dia simultaneamente em três cadeias de gasodutos offshore do sistema Nord Stream é sem precedentes”.

Antes dos relatórios sobre os três vazamentos, explosões foram registradas ao longo dos gasodutos Nord Stream. Uma primeira explosão foi registrada por sismólogos na segunda-feira a sudeste da ilha dinamarquesa de Bornholm. Uma segunda explosão mais forte a nordeste da ilha naquela noite foi equivalente a um terremoto de magnitude 2,3. Estações sísmicas na Dinamarca, Noruega e Finlândia também registraram as explosões.

O chefe do Serviço de Inteligência Estrangeira da Rússia disse à agência de notícias russa TASS, na sexta-feira, que eles têm dados de inteligência sobre sabotagem nos dois gasodutos, mas não deu mais detalhes.

O Nord Stream 1 foi a principal fonte de gás russo para a Europa até o final de 19 de agosto, quando a empresa estatal russa de petróleo e gás, Gazprom, desligou o gás para manutenção. No início de setembro, a Gazprom anunciou que havia abandonado os planos de reiniciar os fluxos de gás através do gasoduto para a Alemanha indefinidamente, dizendo que um vazamento de óleo em uma turbina crítica ainda não havia sido corrigido. A Rússia culpou as sanções internacionais pela guerra na Ucrânia por impedir a manutenção de rotina do oleoduto.

Enquanto isso, o Nord Stream 2 nunca entrou em operação. A Alemanha suspendeu em fevereiro a certificação do gasoduto pouco antes da invasão da Ucrânia pela Rússia. Na época, o chanceler alemão Olaf Scholz disse que a recusa em certificar o oleoduto foi uma resposta ao reconhecimento do presidente russo, Vladimir Putin, da independência de duas regiões separatistas apoiadas pela Rússia no leste da Ucrânia.

A Reuters e a Associated Press contribuíram para esta noticia.

 

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