Por Bowen Xiao, Epoch Times
O ditador venezuelano Nicolás Maduro ainda tem o apoio dos militares, apesar de novos documentos revelarem que milhares de soldados o abandonaram nos últimos anos, enquanto o regime lutava para mitigar a erosão de suas forças armadas.
Dois documentos obtidos pela Bloomberg destacam como a ditadura de Maduro já estava tentando impedir um número crescente de deserções, mesmo antes de o líder da oposição, Juan Guaidó, apoiado pelos Estados Unidos, pedir que os militares rompessem com o tirano.
Um documento enumera cerca de 4.300 membros da Guarda Nacional que abandonaram seus postos nos últimos cinco anos. Assinado pelo comandante da Guarda, o general de divisão Jesús López Vargas, em 21 de dezembro, o documento ordena a eliminação de suas fileiras e números de série das listas militares. Todos os nomes são de oficiais não comissionados ou de homens e mulheres alistados.
A Guarda Nacional é apenas um dos quatro principais ramos das forças armadas venezuelanas, que também incluem o exército, a marinha e a força aérea.
Em um segundo documento, foi dada a ordem ao pessoal dos pontos de entrada e saída de impedir que soldados e aposentados em serviço de reserva saiam do país sem autorização. A ordem foi assinada em 13 de novembro por Luis Santiago Rodríguez González, diretor do serviço de imigração do país.
Embora tenha havido protestos em massa nas ruas de todo o país pedindo a renúncia de Maduro, as deserções em massa das forças armadas ainda não começaram. No entanto, dois altos comandantes militares romperam recentemente com a ditadura de Maduro e reconheceram Guaidó, líder da Assembleia Nacional da Venezuela. José Luis Silva, adido de defesa da Venezuela em Washington e principal oficial militar, disse que rompeu com a ditadura de Maduro em 26 de janeiro; enquanto o general Francisco Yáñez, general de alto escalão da força aérea venezuelana, também ficou do lado de Guaidó.
Poucas semanas atrás, o regime ditatorial de Maduro alegou ter frustrado uma tentativa de insurreição militar. Em um comunicado, o país acusou um “pequeno grupo de assaltantes” da Guarda Nacional Bolivariana de “trair seu juramento de lealdade à pátria” ao sequestrar dois policiais e dois guardas nacionais, em uma tentativa de roubar armas nas primeiras horas de 21 de janeiro. O ditador culpou os “obscuros interesses da extrema direita” pelo motim.
Maduro tomou posse em 10 de janeiro em meio à acusação internacional de que sua liderança é ilegítima. Ele ganhou o poder pela primeira vez no país rico em petróleo em 2013 e agora está em seu segundo mandato.
Bloqueio militar
Os esforços dos Estados Unidos para enviar alimentos e suprimentos médicos até a fronteira da Colômbia com a Venezuela foram frustrados depois que o exército venezuelano bloqueou uma importante rodovia de acesso em 6 de fevereiro.
Em resposta, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, insistiu com a ditadura de Maduro para deixar passar os suprimentos.
“O povo venezuelano precisa desesperadamente de ajuda humanitária”, disse ele no Twitter. “Os Estados Unidos e outros países estão tentando ajudar, mas o exército venezuelano sob as ordens de Maduro está bloqueando a ajuda com caminhões e tanques. A ditadura de Maduro DEVE PERMITIR QUE A AJUDA CHEGUE AO POVO NECESSITADO”.
The Venezuelan people desperately need humanitarian aid. The U.S. & other countries are trying to help, but #Venezuela’s military under Maduro's orders is blocking aid with trucks and shipping tankers. The Maduro regime must LET THE AID REACH THE STARVING PEOPLE. #EstamosUnidosVE pic.twitter.com/L4ysYJaM6H
— Secretary Pompeo (@SecPompeo) February 6, 2019
Caminhões e contêineres foram colocados para bloquear as pistas da ponte de Las Tienditas, na fronteira noroeste da Venezuela com a Colômbia. Além disso, dois contêineres de carga e um caminhão-tanque foram usados para bloquear uma passagem de três pistas da cidade colombiana de Cúcuta. Os soldados venezuelanos estão montando guarda e prometeram rejeitar qualquer tipo de ajuda humanitária.
As políticas comunistas introduzidas por Maduro e seu antecessor, Hugo Chávez, paralisaram a outrora próspera economia da nação. Quase 90% da população da Venezuela vive abaixo do nível de pobreza e mais da metade das famílias não consegue suprir suas necessidades básicas de alimentos, segundo a organização humanitária Mercy Corps. A ONU estima que até o final de 2019 haverá 5,3 milhões de refugiados e migrantes venezuelanos.
Tensão crescente
Enquanto isso, um almirante norte-americano disse que as forças armadas dos Estados Unidos estão preparadas para proteger diplomatas na Venezuela, se necessário.
“Estamos preparados para proteger o pessoal norte-americano e as instalações diplomáticas, se necessário”, disse o almirante Craig Faller, chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, durante uma audiência da Comissão de Serviços Armados do Senado em 7 de fevereiro.
Faller não deu detalhes adicionais sobre como os militares dos Estados Unidos reagiriam, mas disse que seus soldados estavam morrendo de fome “assim como a população venezuelana”. O almirante também apontou que a Venezuela tem cerca de 2.000 generais, a maioria dos quais são leais a Maduro por causa da riqueza que obtiveram em grande parte com o tráfico de drogas, as receitas do petróleo e os negócios.
“O governo legítimo do presidente Guaidó ofereceu anistia e um lugar para as forças militares, a maioria das quais acreditamos serem fiéis à Constituição, não a um ditador, a um lugar para ir”, disse Faller.
A administração Trump também disse que eles estavam contemplando a possibilidade de suspender as sanções contra os militares que ficarem do lado de Guaidó.
The U.S. will consider sanctions off-ramps for any Venezuelan senior military officer that stands for democracy and recognizes the constitutional government of President Juan Guaido. If not, the international financial circle will be closed off completely. Make the right choice!
— John Bolton (@AmbJohnBolton) February 6, 2019
“Os Estados Unidos vão considerar a possibilidade de não sancionar qualquer militar venezuelano favorável à democracia e que reconheça o governo constitucional do presidente Juan Guaidó”, disse o conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, John Bolton, no Twitter em 6 de fevereiro.
“Caso contrário, o círculo financeiro internacional será completamente fechado. Faça a escolha certa!
Ao mesmo tempo, aumenta a pressão internacional contra o regime ditatorial de Maduro. Nove das principais nações europeias, incluindo Grã-Bretanha, Alemanha, França e Espanha, estão entre os mais de 20 governos que reconheceram Guaidó como presidente interino. Mesmo assim Maduro continua desafiador, insinuando em um discurso para seus partidários em 5 de fevereiro que o jovem líder da oposição pode acabar na prisão em breve por desafiar a presidência.