Relatos de pilhagem cometidos por soldados na Coreia do Norte continuam a aumentar à medida que o regime de Kim Jong-un sente o impacto das sanções econômicas além de uma seca de primavera que resultou numa escassa colheita.
As pilhagens começaram após o regime comunista norte-coreano ordenar que os militares adquirissem seus próprios suprimentos alimentares.
Normalmente, o regime mobiliza os cidadãos para coletar suprimentos para o exército, mas em outubro, os militares foram ordenados a obter suas próprias provisões.
“A liderança militar emitiu ordens no mês passado detalhando as cotas necessárias para serem coletadas”, informou uma fonte na província de Ryanggang ao Daily NK em 18 de outubro.
“É bastante absurdo que o pessoal militar tenha que coletar suas provisões. E essas ordens foram transmitidas em todas as províncias, abrangendo todas as divisões militares do país.”
Desde que a ordem foi emitida, os relatos de pilhagem aumentaram, disse uma fonte na província de Ryanggang ao Daily NK em 2 de novembro.
Num incidente na região de Kapsan, a fonte disse que soldados da 43ª Brigada invadiram os campos no meio da noite no início de outubro.
“Todos se reuniram para o ataque surpresa, distribuíram-se pela lavoura e levaram todo o milho.”
“Não é incomum que a 43ª Brigada saqueie as lavouras, mas eles se tornaram muito mais abusivos este ano”, disse a fonte.
O saque foi mais notável devido ao envolvimento da brigada.
A 43ª Brigada foi estabelecida como uma unidade de forças especiais treinada na guerra de montanhas e combate noturno, outrora elogiada pelo ex-líder norte-coreano Kim Jong-il.
Enquanto a fonte disse que era uma desgraça os soldados estarem roubando comida, a culpa reside no regime e sua incapacidade de fornecer provisões, deixando os militares desesperados.
A propagação de incursões organizadas e regulares aos campos deu origem a novos apelidos para os militares da Coreia do Norte.
Fontes no país disseram ao Daily NK que a população tem começado a se referir às forças armadas como as “Forças de Supressão” e o “Exército de Bandidos”.
Os ataques demonstram que o regime norte-coreano enfrenta uma crise de credibilidade. Kim Jong-un, o terceiro governante da dinastia Kim na Coreia do Norte, lidera um Estado comunista como um suposto “líder divino”.
Mas décadas de má gestão econômica e corrupção governamental deixaram os norte-coreanos cada vez mais cínicos em relação ao regime.
Uma fonte, falando com o Daily NK, disse que, durante os regimes anteriores dos Kim, os militares pelo menos fingiam lealdade ao líder.
“Hoje em dia eles só se preocupam em encontrar comida e ganhar dinheiro. Na verdade, não importa se suas forças armadas têm um ou dois milhões de membros se quase nenhum deles segue uma disciplina militar”, disse outra fonte da província de Ryanggang.
A ordem para obter sua própria comida levou a uma rápida perda de disciplina entre os soldados norte-coreanos, de acordo com o sítio de notícias, e a atividade criminosa aumentou.
“A negligência contínua das forças armadas provavelmente resultará numa perda de confiança maior entre as pessoas”, concluiu o Daily NK.