Por Reuters
LIBREVILLE – Oficiais militares do Gabão fizeram uma aparente tentativa de golpe no dia 7 de janeiro, confiscando a rádio estatal e declarando sua insatisfação com o presidente Ali Bongo, que está se recuperando de um derrame no Marrocos.
Um discurso de Ano Novo de Bongo “reforçou as dúvidas sobre a capacidade do presidente de continuar cumprindo as responsabilidades de seu cargo”, disse o tenente Kelly Ondo Obiang, que se descreveu como oficial da Guarda Republicana e líder dos autodeclarados Movimento Patriótico das Forças de Defesa e Segurança do Gabão.
Em um vídeo que circula nas mídias sociais, Ondo Obiang é visto em um estúdio de rádio usando uniformes militares e uma boina verde enquanto lê o comunicado, que foi transmitido por volta das 4:30 da manhã (05:30 GMT). Dois outros soldados com grandes rifles de assalto estão atrás dele.
Video: Military 'seizes' power in Gabon, where Ali Bongo's family has ruled for 50 years. Ali Bongo got sick last year, went for treatment and returned not to Gabon but Morocco to recuperate. This unprecedented. pic.twitter.com/3nWKAjwUxk
— Lord Abraham Mutai (@ItsMutai) January 7, 2019
Ondo Obiang disse que o golpe estava sendo realizado contra “aqueles que, de maneira covarde, assassinaram nossos jovens compatriotas na noite de 31 de agosto de 2016”, uma referência à violência mortal que surgiu após Bongo ser declarado vencedor de disputada eleição.
Uma fonte próxima ao governo disse que houve tiros na estação de televisão nacional, mas que os conspiradores pareciam ser um pequeno grupo de soldados.
Um porta-voz da presidência disse à Reuters que fará uma declaração em breve.
Bongo, com 59 anos, foi hospitalizado em outubro na Arábia Saudita depois de sofrer um derrame. Ele está no Marrocos desde novembro para continuar o tratamento.
Em seu discurso no Ano Novo, Bongo reconheceu problemas de saúde, mas disse que estava se recuperando. Ele arrastou algumas de suas palavras e não moveu o braço direito mas, de qualquer forma, apareceu em condições de saúde aceitáveis.
A família Bongo governou o país produtor de petróleo por quase meio século. Bongo é presidente desde que sucedeu seu pai, Omar, que morreu em 2009. Sua reeleição em 2016 foi marcada por reclamações de fraude e protestos violentos.
Bongo ganhou a reeleição em 2016 com menos de 6 mil votos, provocando confrontos entre manifestantes e policiais durante os quais o parlamento foi incendiado.
A União Européia disse que encontrou anomalias durante as eleições na província de Haut-Ogooue, considerada a fortaleza de Bongo, onde ele obteve 95% do total de votos.