Soldado da Coreia do Norte que desertou é imune ao antraz

26/12/2017 22:46 Atualizado: 26/12/2017 22:46

Um soldado norte-coreano que desertou para a Coreia do Sul foi testado e descobriu-se que ele tem anticorpos contra o antraz, levantando preocupações de que o regime da Coreia do Norte possa ter militarizado a doença mortal.

O soldado, que foi exposto ou vacinado contra o antraz, desenvolveu a imunidade antes de desertar, de acordo com as autoridades sul-coreanas, informou a United Press International (UPI), citando uma reportagem sul-coreana.

“Anticorpos de antraz foram encontrados num soldado norte-coreano que desertou este ano”, disse um oficial da inteligência sul-coreana à rede local de notícias Channel A sob condição de anonimato.

O funcionário não identificou qual dos quatro soldados que fugiram da Coreia do Norte este ano tinha os anticorpos, informou o New York Post.

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Os sul-coreanos estão preocupados com esta descoberta porque a doença pode matar pelo menos 80% das pessoas expostas à bactéria em 24 horas, a menos que sejam administrados antibióticos ou a vacinação esteja disponível, informou a UPI. Os militares sul-coreanos ainda não desenvolveram ou adquiriram uma vacina contra o antraz.

De acordo com a porta-voz do Ministério da Defesa do país, Choi Hyun-soo, uma vacina contra o antraz para os militares sul-coreanos “deverá ser desenvolvida até o final de 2019”, informou a UPI.

Há especulações de que a Coreia do Norte esteja desenvolvendo armas biológicas. Uma séria de reportagens apareceu dizendo que o isolado regime começou a testar uma ogiva carregada de antraz para seu míssil balístico intercontinental (ICBM) após o jornal japonês Asahi Shimbun citar uma fonte de inteligência anônima em Seul.

Coreia do Norte, antraz, armas químicas e biológicas - O Hwasong-14, um míssil balístico intercontinental norte-coreano, é lançado durante um teste em Pyongyang, Coreia do Norte; a imagem foi publicada pela agência de notícias estatal em 5 de julho de 2017 (KCNA via Reuters)
O Hwasong-14, um míssil balístico intercontinental norte-coreano, é lançado durante um teste em Pyongyang, Coreia do Norte; a imagem foi publicada pela agência de notícias estatal em 5 de julho de 2017 (KCNA via Reuters)

De acordo com a fonte japonesa, a Coreia do Norte está realizando testes de calor e pressão destinados a simular as condições que uma ogiva enfrentaria quando reentrasse na atmosfera da Terra durante o estágio final de sua trajetória.

Os testes se destinam a determinar se os germes do antraz podem sobreviver a temperaturas de até e acima de 7 mil graus. Essa é a temperatura que uma ogiva de ICBM pode experimentar quando atravessa a atmosfera em sua descida.

A Coreia do Norte negou veementemente as alegações, mas relatórios de inteligência anteriores sobre a nação comunista revelam instalações agrícolas com o potencial de dupla utilização para produzir antraz.

Coreia do Norte, antraz, armas químicas e biológicas - Soldados norte-coreanos monitoram a Zona Desmilitarizada na fronteira com a Coreia do Sul (Edward N. Johnson/Wikimedia Commons, domínio público)
Soldados norte-coreanos monitoram a Zona Desmilitarizada na fronteira com a Coreia do Sul (Edward N. Johnson/Wikimedia Commons, domínio público)

Num relatório de outubro, o Centro Belfer da Faculdade Kennedy de Harvard resumiu a evidência de que a Coreia do Norte possui um programa de armas biológicas capaz de produzir antraz, varíola e outros agentes biológicos. O regime pode possuir 13 agentes biológicos, desde botulismo e cólera até a peste, afirmou o relatório.

Especialistas dizem que o esforço da Coreia do Norte para criar pesticidas e fertilizantes biológicos pode fornecer as instalações, bem como uma cobertura para um programa de armas biológicas.

Fotos publicitárias do Instituto Biotécnico de Pyongyang publicadas pela mídia estatal norte-coreana em 2015 revelaram que a instituição “poderia produzir quantidades militares [de armas biológicas], especificamente antraz”, diz o relatório do Centro Belfer.

Colaborou: Matthew Little

NTD Television