Por Agência EFE
O número de mortes causadas pelo ciclone Idai em Moçambique já chegou a mais de 200, segundo informou nesta terça-feira (19) o presidente do país, Filipe Nyusi, que declarou “emergência nacional” devido a esse desastre que devastou povoados e cidades.
Nyusi divulgou esse número e declarou a emergência após uma reunião extraordinária do governo realizada na cidade portuária de Beira, uma das maiores de Moçambique e que teve 90% de seu território devastado pelo ciclone.
“Viemos aqui com 84 (mortos contabilizados), mas depois no terreno fomos vendo que estamos já em mais de 200, e não só isso, também há 350 mil cidadãos que se encontram em situação de risco”, ressaltou.
“Devido a esta tragédia, o Conselho de Ministros decidiu decretar luto nacional na república de Moçambique por um período de três dias que começa na próxima meia-noite”, afirmou o chefe de Estado do país africano.
O Executivo se reuniu em Beira para sentir de perto o drama que vivem mais de meio milhão de pessoas há cinco dias em uma cidade quase fantasma, onde as casas estão destruídas, não há água potável nem energia elétrica e os estabelecimentos comerciais e instituições públicas não funcionam devido à calamidade provocada pelo ciclone.
Enquanto Beira tenta se refazer após sofrer o pior desastre natural em quase duas décadas, nos distritos vizinhos de Búzi, Chibabava, Muanza, Mossurize e Sussundenga, milhares de moçambicanos seguem nos tetos das poucas casas que ficaram de pé e nas copas das árvores que resistiram à força da água dos rios Búzi e Púnguè que, desde sábado, estão causando inundações.
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) alertou que as próximas 72 horas serão “críticas” para Moçambique, devido aos efeitos do ciclone Idai, assim como as inundações que podem se agravar, já que a chuva segue caindo com força nas áreas afetadas.
A ONG Save the Children afirmou hoje que teme pela vida de 100 mil pessoas devido à chegada do ciclone Idai a Moçambique, onde os rios estão transbordando e inundando grandes extensões de terra.
“A magnitude deste desastre está crescendo a cada minuto e estamos muito preocupados com os meninos, as meninas e as famílias que ainda estão em risco porque as inundações continuam aumentando”, alertou o coordenador da resposta de Save the Children em Moçambique, Machiel Pouw.
O governo de Moçambique estima que cerca de 600 mil pessoas se viram afetadas pelo desastre e, segundo Filipe Nyusi, o número de mortos pode superar mil.
Segundo esta ONG britânica, os efeitos das inundações que assolam o país desde o início do mês se viram magnificados pelo ciclone, “deixando em sua passagem lares, escolas, hospitais e infraestrutura destruídos”.
As vítimas do Idai, que devastou povoados e cidades no sudeste da África, provocaram também 82 mortes no Zimbábue e 56 no Malawi, embora esse número possa aumentar.
A diretora regional do Programa Mundial de Alimentos (PMA) para o sul da África, Lola Castro, disse hoje em entrevista por telefone à Agência Efe que este ciclone é um “desastre sem precedentes” no sudeste do continente e que agora os esforços de sua organização se centram em salvar vidas.
O alcance do ciclone, um dos maiores a passar pela região, chegou até países muito mais ao norte como o Quênia, onde o instituto meteorológico alertou que a seca que aflige parte do país foi acentuada pelo Idai.