A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) concluiu nesta quinta-feira a sua reunião semestral, alertando para “um dos piores momentos para a democracia” na América Latina, que se reflete no aumento dos ataques à imprensa e aos jornalistas em quase toda a região.
A reunião de três dias, realizada virtualmente, abordou casos sintomáticos como Cuba, Venezuela e Nicarágua, países onde os ataques à imprensa independente se intensificaram – ou até mesmo a imprensa desapareceu -, assim como a perseguição a jornalistas, alguns dos quais tiveram de se exilar.
Hoje, perante o clima geral de violência, os diretores da SIP intensificaram os seus pedidos à proteção dos jornalistas.
Várias resoluções foram adotadas nesta quinta-feira. Em uma delas, a organização condenou “o aumento dos ataques e das agressões contra os veículos de comunicação social e os jornalistas na maioria dos países da América”.
Durante este evento, foi confirmado o décimo assassinato de um jornalista na região. O nome do haitiano Ricot Jean se juntou ao de quatro outros jornalistas haitianos, um colombiano, um americano, um paraguaio, um hondurenho e um guatemalteco.
Moderação de plataformas e liderança feminina
Na quarta-feira, especialistas da Unesco deram pistas sobre o guia para a regulação das plataformas digitais que a organização está desenvolvendo desde o ano passado, e sublinharam que a iniciativa coloca em primeiro lugar “a salvaguarda da liberdade de imprensa e de expressão”.
Segundo Ana Cristina Ruelas, para este guia a Unesco está realizando consultas “com múltiplas partes interessadas para criar diretrizes” para a regulamentação das plataformas digitais, com representantes de mais de 130 países.
As propostas legislativas nos Estados Unidos e no Canadá para que os veículos de comunicação social recebam uma remuneração justa das plataformas digitais pelos conteúdos que distribuem foram o tema de outro painel nesta quinta-feira.
Um painel sobre a inclusão e a liderança das mulheres nos veículos de comunicação social da América Latina analisou um estudo realizado pelo Instituto Reuters em 12 países que revela que apenas 22% dos cargos de direção destas organizações são ocupados por mulheres.
Participaram Gabriela Vivanco, diretora do jornal equatoriano “La Hora”, Cathy Reyes, diretora do canal “CNN en Español”, Laura Puertas, da Corporación Medcom, do Panamá, e Martha Ramos, da Organización Editorial Mexicana (OEM).
Na última parte da reunião bianual, a SIP aprovou relatórios sobre a liberdade de imprensa em 24 países, entre os quais se destaca o caso da Venezuela, onde o governo reduziu “sistematicamente” o espectro dos veículos de comunicação no país. No caso de Cuba, a entidade assinala que “a crise do jornalismo independente se aproxima de uma profundidade nunca vista nos últimos 30 anos”.
Sobre a Nicarágua, o relatório lamenta que o regime de Daniel Ortega tenha intensificado os ataques à liberdade de imprensa e à liberdade de expressão, incluindo a expulsão e a desnacionalização de jornalistas, o fechamento de veículos de comunicação e a censura.
Outro documento denuncia que as ameaças do narcotráfico contra jornalistas e veículos se tornaram “um sério risco para o exercício do jornalismo na Argentina, Colômbia, Equador, Haiti, México e Paraguai”.
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