Por Agência EFE
A juíza britânica Vanessa Baraitser decidirá, no início do próximo ano, se autoriza a extradição de Julian Assange para os Estados Unidos, onde é denunciado por 18 crimes de espionagem e intrusão informática, puníveis com até 175 anos de prisão naquele país.
A magistrada marcou, nesta quinta-feira, para o dia 4 de janeiro de 2021 a data de sua decisão, ao final de um julgamento de quatro semanas no tribunal de Old Bailey, em Londres, no qual testemunharam várias testemunhas de defesa do fundador do WikiLeaks, recusando-se a entregá-lo.
O acusado, que considera que os EUA têm “motivação política”, permanecerá em prisão preventiva enquanto prossegue seu processo, o que poderá ser prorrogado se, como é previsível, a parte lesada recorrer da decisão.
No final da audiência de hoje, em grande parte dedicada ao acordo sobre os aspectos técnicos, Baraitser agradeceu a defesa, liderada por Mark Summers e Edward Fitzgerald, e o Gabinete do Procurador – representando a Justiça dos EUA – pelo seu “trabalho árduo excepcional”, com James Lewis e Clair Dobbin na frente.
Como era esperado, a juíza recusou conceder liberdade condicional a Assange, que permanecerá no centro de alta segurança de Belmarsh, em Londres, e deve comparecer nas sucessivas audiências de controle de rotina, a próxima das quais está marcada para o dia 29 deste mês.
Baraitser também se recusou a adiar o processo para dar mais tempo à defesa para apresentar provas adicionais, como fez no início desta segunda fase de julgamento, que em maio foi adiada para o mês passado.
Ela argumentou que deveriam ter protocolado seu pedido em agosto, depois que os Estados Unidos apresentaram uma nova acusação acompanhada de um segundo pedido de extradição que anulou as acusações do início de abril de 2019 e ampliou a base das acusações contra o especialista em informática.
Os Estados Unidos estão exigindo julgamento de Assange por supostamente conspirar com o ex-soldado Bradley Manning (agora Chelsea Manning) em 2010 e agora também com outros “hackers” entre 2007 e 2015 para obter e publicar ilegalmente informações secretas em seu site.
Vários psiquiatras testemunharam, assegurando que o jornalista, com a saúde debilitada, sofre de “um distúrbio do espectro do autismo” e “apresenta risco de suicídio” se for entregue aos Estados Unidos, algo que tem tentado evitar desde que foi preso em Londres, há dez anos, a pedido da Suécia por supostos crimes sexuais dos quais não foi acusado e que já foram arquivados.
Entre outros depoimentos, a jornalista americana Cassandra Fairbanks assegurou que o governo do presidente Donald Trump pode ter negociado a expulsão em abril de 2019 de Assange da embaixada equatoriana em Londres, onde se refugiou como asilado político em 2012.
Durante o processo, a namorada do réu e mãe de dois de seus filhos, Stella Moris, liderou uma campanha para pedir a liberdade de seu parceiro e arrecadou mais de 165 mil euros (cerca de R$ 1,09 milhão) na internet para cobrir custos judiciais.
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