Senado dos EUA cancela recesso de agosto para aprovar indicados de Trump e leis de gastos

O recesso de agosto remonta a épocas em que não havia ar condicionado, quando Washington começou a ficar insuportavelmente quente no verão

06/06/2018 16:56 Atualizado: 06/06/2018 17:32

Por Ivan Pentchoukov & Petr Svab, Epoch Times

O líder da maioria no Senado, Mitch McConnell, declarou ontem (5) que vai cancelar quase todo o período de recesso do Senado em agosto, a fim de dar tempo aos legisladores de aprovar os projetos de lei antes de 30 de setembro, e confirmar as nomeações feitas pelo presidente Donald Trump daqueles que irão ocupar um cargo no Executivo ou no Judiciário.

“Por causa da histórica obstrução dos democratas do Senado às nomeações do presidente e à meta de aprovar os projetos de lei de alocações de despesas antes do fim do ano fiscal, o recesso de agosto foi cancelado,” disse McConnell em um comunicado.

McConnell disse que o Senado vai fazer um recesso durante a primeira semana de agosto, antes de voltar a trabalhar o resto do mês.

Em contrapartida, a Câmara dos Deputados manterá seu recesso programado para o mesmo mês.

A assessora de imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, tem destacado regularmente o trabalho em atraso na Câmara antes das reuniões informativas diárias, e Trump, por sua vez, tem usado sua reunião semanal para criticar os democratas por obstruírem as nomeações.

“Os democratas do Senado chamam a isso de ‘a resistência'”. Eles resistem à vontade dos eleitores norte-americanos, e isso não é bom”, disse Trump no discurso semanal de 2 de junho. “Desde o primeiro dia, os senadores democratas têm obstruído, paralisado, e descaradamente impedido as confirmações de centenas de homens e mulheres talentosos que estão ansiosos para vir a Washington, DC, para fazer a diferença”.

O Senado confirmou, até esta data, 448 candidatos nomeados por Trump, muito menos do que qualquer um dos quatro presidentes anteriores, e em média, levou 86 dias para fazer cada uma delas, mais do que qualquer das nomeações dos mandatários anteriores, segundo a Aliança Para o Serviço Público.

Trump mencionou como exemplo a nomeação de Isabel Patelunas como secretária assistente de Inteligência e Análise. Patelunas está esperando por sua confirmação há quase um ano, apesar de ter quase três décadas de experiência na área de inteligência e de receber o apoio do diretor de Inteligência Nacional, Daniel Coats.

“Ela tem feito tanto… mas ainda não foi confirmada. É uma pena”, disse Trump.

Manter o funcionamento do governo

Até 30 de setembro, fim do ano fiscal, o Congresso deve aprovar uma dúzia de projetos de lei de dotações orçamentárias para manter o governo federal em plena operação.

Os projetos de lei geralmente são combinados em uma única lei, mas raramente são aprovados antes do prazo. Muitas vezes são promulgados vários projetos de lei de despesas intermediárias, até que os legisladores cheguem a um acordo sobre todas as medidas relativas a despesas.

O último conjunto de leis finalmente foi aprovado em março, mas era tão grande e oneroso que Trump quase se recusou a assiná-lo. “Eu nunca mais vou assinar um projeto como este de novo”, disse ele em 23 de março.

Este ano, os legisladores republicanos planejam agrupar os projetos de lei de gastos em conjuntos menores.

Mas os projetos de lei do ano passado chegaram tão tarde que o tempo está ficando curto para conduzir todos os pacotes de gastos através de todas as comissões e em ambas as câmaras do Congresso. Alguém tinha que ceder, e McConnell escolheu o recesso.

Um assessor democrata de alto escalão do Senado queixou-se de que o cancelamento do recesso deixará vários de seu partido de fora, longe das duras e concentradas campanhas para reeleição de 6 de novembro, que correspondem às eleições do meio período de governo.

O recesso de agosto remonta a épocas em que não havia ar condicionado, quando Washington começou a ficar insuportavelmente quente no verão. Mas mesmo depois que as condições de trabalho melhoraram, o recesso se manteve, permitindo que os deputados descansassem, realizassem viagens ao exterior, participassem das campanhas para a reeleição e aumentassem a arrecadação de fundos.

Colaborou: Agência Reuters