Por EFE
Washington, 5 fev – O Senado dos Estados Unidos absolveu nesta quarta-feira o presidente do país, Donald Trump, no processo de impeachment aberto contra ele na Câmara dos Representantes.
Trump foi absolvido das acusações de abuso de poder e obstrução ao Congresso. Com isso, continuará no poder e poderá disputar a reeleição no pleito de 3 de novembro.
Os senadores, que atuaram como juízes no processo, absolveram Trump por 52 votos a 48 da primeira acusação por abuso de poder.
Nesta votação, os democratas tiveram o surpreendente apoio do republicano Mitt Romney, o primeiro parlamentar da história do país a apoiar o impeachment de um presidente de seu partido.
Na segunda acusação, de obstrução ao Congresso, foram 53 votos pela absolvição de Trump da denúncia, contra 47 – todos de democratas – pelo afastamento do presidente do poder.
Para destituir Trump, os democratas precisavam de dois terços dos votos do Senado (67) em qualquer uma das duas acusações elaboradas pela Câmara dos Representantes.
Antes da votação, o líder da minoria democrata no Senado, Chuck Schumer, tentou, sem sucesso, fazer um último apelo para convencer os republicanos a votarem a favor do impeachment de Trump.
“O Senado deveria condenar o presidente Trump, expulsá-lo da presidência e desqualificá-lo para manter o cargo no futuro. Este é o primeiro impeachment da história em que nenhuma testemunha foi ouvida”, afirmou Schumer.
“Se as mentiras que ele não gosta são falsas, se mentir nas eleições é aceitável, se todo o mundo é tão malvado como a maior maldade entre nós, então a esperança no futuro está perdida”, completou o senador democrata.
O líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, disse que o processo era “incoerente” e acusou os democratas de tentar mudar as regras do jogo após a derrota para Trump nas eleições presidenciais de 2016.
“A resposta por perder uma eleição não pode ser atacar a presidência. (…) Talvez ela rasgará o veredicto como fez com o discurso sobre o Estado da União”, alfinetou McConnell.
A provocação tinha como alvo a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, que ontem partiu no meio a cópia entregue por Trump do discurso feito por ele no Congresso. Antes, o presidente havia se recusado a cumprimentá-la.
Pelosi foi a principal articuladora do processo de impeachment contra Trump, caso que começou em setembro para investigar uma denúncia de um delator sobre uma ligação entre o líder republicano e o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelenski.
Na conversa, Trump teria pressionado Zelenski a abrir uma investigação por corrupção contra Hunter Biden, filho do ex-vice-presidente e pré-candidato à presidência Joe Biden, um de seus potenciais adversários nas eleições de novembro.
Segundo os democratas, Trump segurou um repasse de US$ 400 milhões em ajuda militar à Ucrânia e adiou uma visita de Zelenski à Casa Branca para forçar que o governo de Kiev iniciasse as investigações contra Biden.
Depois de três meses de investigações na Câmara dos Representantes, o impeachment chegou ao Senado no último dia 16 de janeiro.