Em uma entrevista ao jornal britânico Financial Times, publicada nesta quinta-feira (16), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, associou o bilionário Elon Musk a um “movimento perigoso de extrema direita”.
Recentemente, Musk esteve no centro de um embate contra decisões autoritárias do STF, especialmente as conduzidas pelo ministro Alexandre de Moraes, que buscavam censurar usuários em várias plataformas de redes sociais, incluindo a X (antigo Twitter).
Durante a entrevista, Barroso disse acreditar em uma crescente onda de populismo autoritário, declarando ao Financial Times: “Estamos enfrentando poderosos inimigos da democracia.”
Apesar de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter estabelecido alianças com ditaduras, como a da Venezuela de Nicolás Maduro, Barroso não mencionou o petista ao citar os supostos “inimigos da democracia”. O foco do ministro pareceu estar direcionado apenas contra figuras conservadoras ou com posicionamento à direita.
“Há claramente uma articulação de extrema direita no mundo. [Musk] pode ser um pedaço disso […] Estamos lutando contra inimigos poderosos da democracia”, disse o ministro ao alertar sobre o que costuma classificar de “crescente onda de populismo autoritário”.
“Algumas pessoas invocam a liberdade de expressão quando realmente estão defendendo um modelo de negócios baseado em engajamento e, infelizmente, ódio, sensacionalismo, teorias da conspiração”, completou Barroso.
O ministro ainda deu a entender que o STF precisou “combater forças” para evitar um golpe de Estado.
“As pessoas que pensam que exageramos devem saber que tipo de forças tivemos que combater. Estamos falando de pessoas que prepararam um golpe de Estado. Estamos falando de pessoas que invadiram [as instituições do Brasil] com fúria”, disse, segundo o jornal britânico.
O magistrado usou o ocorrido em 8 de janeiro de 2023 como justificativa para afirmar que a “democracia brasileira está sob ataque”, sem mencionar as ações do próprio STF para censurar usuários em redes sociais, os exilados políticos ou as prisões de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) consideradas arbitrárias por juristas.
“Você pode criticar o Supremo e dizer que não gosta. Ou você pode até dizer [pior]. Mas não se pode dizer ‘vamos invadir estes edifícios e retirar estas pessoas’. Há um limite claro entre essas duas coisas”, concluiu.