O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve conversar por telefone na tarde desta quarta-feira (14) com o presidente colombiano Gustavo Petro para discutir a crise no processo eleitoral da Venezuela.
A agenda ocorre menos de 24 horas depois de o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, anunciar a suspensão temporária do debate sobre o tema com seus homólogos do Brasil e Colômbia, até que o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (TSJ) se pronuncie oficialmente sobre as eleições no país.
A reunião entre os três líderes, inicialmente prevista para terça-feira (13), foi adiada devido a compromissos na agenda de Petro.
A pauta da conversa desta tarde deve incluir o pedido de suspensão da violência e a cobrança das atas eleitorais prometidas por Nicolás Maduro.
Embora o ditador venezuelano, que está no poder desde 2013, afirme ter entregue os documentos à Justiça, o órgão é controlado por seu governo. O Conselho Nacional Eleitoral (CNE), também sob domínio chavista, alega a vitória de Maduro sem apresentar comprovação dos resultados.
Fontes da diplomacia brasileira indicam que a retirada do México do grupo que tenta resolver a crise pode facilitar as negociações e melhorar a comunicação entre Brasil e Colômbia. Por isso, Lula e Petro decidiram manter o diálogo direto.
Com base na obtenção de mais de 80% das atas eleitorais, a oposição e grande parte da comunidade internacional afirmam que o verdadeiro vencedor foi Edmundo González, candidato oposicionista.
A líder da oposição venezuelana, Maria Corina Machado, convocou uma manifestação para o próximo sábado (17), o que pode levar a uma nova onda de repressão por parte da ditadura bolivariana.
Vieira vai à Bogotá
Ainda nesta quarta-feira, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, viajará para Bogotá.
Nesta quinta-feira (15), ele se reunirá com o chanceler colombiano, Luis Gilberto Murillo, para discutir a situação na Venezuela e planejar os próximos passos de uma estratégia conjunta.
Posicionamento do trio de esquerda
No início do mês, Lula, Petro e López Obrador realizaram uma videoconferência e, em seguida, emitiram um comunicado conjunto exigindo a divulgação das atas eleitorais e a resolução do impasse de forma institucional. O trio de líderes de esquerda pediram respeito à soberania popular e a uma apuração imparcial.
Uma semana depois, no dia 8 de agosto, eles renovaram o pedido com uma nova nota conjunta, reiterando a necessidade de transparência na divulgação dos resultados eleitorais da Venezuela.
A diretora interina da Human Rights Watch (HRW), Tamara Taraciuk Broner, afirmou que os três presidentes precisam abandonar os “eufemismos” em relação à Venezuela e ser mais claros ao afirmar que Nicolás Maduro “roubou” a eleição presidencial.