Por Dave Paone
Nova Iorque — A promotoria convocou a segunda suposta vítima ao banco das testemunhas no caso de Ghislaine Maxwell, acusada por tráfico sexual em um tribunal federal, na segunda-feira, quando o julgamento entrou em seu sexto dia.
Mais uma vez, para proteger o anonimato, a testemunha optou por usar um pseudônimo, desta vez “Kate”.
Ao contrário da primeira testemunha no julgamento, “Jane”, Kate tinha idade de consentimento quando o suposto abuso que sofreu começou.
Kate testemunhou sobre como ela conheceu Maxwell em Paris, e então como Maxwell a apresentou a Jeffrey Epstein.
Quando ela começou a testemunhar, Kate falou baixo, quase resmungando, com sotaque britânico.
O modo de operação de Maxwell e Epstein consistia, essencialmente, em cinco etapas de preparação, testemunhou na semana passada a Dra. Lisa Rocchio, uma especialista.
Kate veio de uma população vulnerável (ela tinha uma mãe doente). Kate afirma que Maxwell a fez sentir-se “realmente especial” e relatou a ela como Epstein poderia ajudá-la em sua carreira musical.
Assim como Jane foi convidada para tomar chá na propriedade de Epstein em Palm Beach, Kate declarou que foi convidada para ir à casa de Maxwell em Londres (Kate morava em Londres na época), também para tomar chá.
Mais tarde, Kate conheceu Epstein na residência de Maxwell.
Kate afirma que pesava 40 quilos na época e Maxwell comentou sobre o quão forte ela era.
Ela relatou que Maxwell falou a ela: “Por que você não dá um pequeno aperto nos pés dele e mostra como você é forte?”
Kate afirma que realizou uma massagem nos pés de Epstein e ele pediu que ela massageasse seus ombros, o que ela fez.
Após poucas semanas, Maxwell pediu a Kate para substituir uma massagista profissional após ela cancelar sua sessão.
Então, Kate foi apresentada a uma das muitas “salas de massagem” de Epstein, ela lembrou.
Ela afirma que, quando Epstein removeu seu manto, “ele estava nu” e então iniciou o contato sexual.
Na segunda vez que Maxwell trouxe Kate para a sala de massagem, ela afirmou que Maxwell saiu afirmando: “Divirta-se”. Kate testemunhou que, durante esta massagem, Epstein cometeu “um ato sexual”.
Conforme declarado nos cinco estágios de preparação de Roccio, Maxwell começou a normalizar o sexo falando sobre ele regularmente, incluindo sobre o tamanho dos órgãos genitais de Epstein, e perguntando a Kate se ela conhecia alguma garota que gostaria de fazer sexo oral nele.
“Você sabe do que ele gosta; fofa, jovem, bonita … como você”, afirmou a mulher de 44 anos, citando Maxwell.
Mantendo os cinco estágios da preparação, Maxwell deu a Kate uma bolsa Prada em seu aniversário de 18 anos.
Kate ficou mais confiante à medida que seu testemunho prosseguia.
Enquanto estava na residência de Palm Beach, Kate encontrou uma fantasia de colegial em sua cama. Ela afirma que Maxwell a colocou lá e a convenceu a usá-la para Epstein.
“Eu não sabia como dizer não”, relatou Kate, acrescentando que não sabia quais seriam as consequências de recusar.
Kate afirma que foi então que ele realizou “um ato sexual” com ela.
Ela também revelou que recebeu US $3,25 milhões do Fundo de Compensação da Vítima de Epstein.
No interrogatório, a advogada de defesa, Bobbi Sternheim, questionou Kate sobre seu visto de habilidade extraordinária, o qual lhe permitiu trabalhar nos Estados Unidos, na indústria da música, bem como o papel da promotoria em ajudá-la a obter um visto U (especificamente para vítimas de crime), para quando seu primeiro visto expirou.
A defesa também questionou sua capacidade de lembrar eventos com precisão, por ter sido uma usuária de drogas durante o período discutido.
Kate admitiu que abusou do álcool, da cocaína e de pílulas para dormir na adolescência e no início de seus 20 anos, na época do suposto abuso, mas está limpa desde 1º de maio de 2003.
Ela então testemunhou que casou-se aos 23 anos, o que Sternheim contestou referindo-se a declarações anteriores nas quais ela afirmou que era casada aos 18 ou 19, e posteriormente aos 20 ou 21 anos.
Em um segundo lapso durante o julgamento da defesa, Sternheim referiu-se a Maxwell como “Sra. Epstein”.
Sternheim então apresentou ao tribunal e-mails que Kate havia enviado a Epstein quando ele estava preso, em anos posteriores ao suposto ocorrido, afirmando que foram iniciados por Kate.
O promotor público, Alison Moe, chamou Patrick McHugh para depor. McHugh, um diretor executivo do JP Morgan Bank, revisou as demonstrações financeiras de Maxwell e Epstein.
As declarações revelaram que milhões de dólares foram para a conta de Epstein, muitos dos quais foram transferidos para a conta de Maxwell, e em um caso, Maxwell comprou um helicóptero com parte dos fundos. O questionamento de Moe essencialmente “seguiu o dinheiro”.
O advogado de defesa, Christian Everdell, tentou provar que outras pessoas autorizadas podem gastar dinheiro que pertence a outra pessoa. Foi uma tarefa difícil para ele porque haviam inúmeras objeções da acusação.
Ele também afirmou que essas declarações não mostram quem ela fez as transações e McHugh concordou.
As próximas duas testemunhas eram agentes especiais do FBI. A primeira foi Kelly Maguire, que faz parte da Força-Tarefa de Exploração de Crianças e Tráfico de Pessoas. Ela executou um mandado de busca na residência de Epstein em Manhattan durante dois dias, em julho de 2019.
Maguire falou principalmente dos CDs e dispositivos eletrônicos apreendidos na operação. Ela também revisou fotos tiradas do interior da residência na mesma época.
No embate, a defesa afirmou mais uma vez que as fotos, tiradas em 2019, não podem indicar com precisão como era a residência em 1994, quando muitos dos abusos supostamente aconteceram. Maguire concordou.
O segundo agente especial foi Kimberly Mueer da mesma força-tarefa.
Mueer só depôs por alguns minutos quando a juíza, Alison Nathan, declarou o fim da noite, encerrando o sexto dia do julgamento.
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