Dezenas de pessoas invadiram na madrugada deste sábado (19) a sede da emissora de televisão iraquiana MBC no bairro de Al Jamea, no oeste de Bagdá, por causa da exibição de uma reportagem que consideraram “ofensiva” às “figuras da resistência”, em referência a Hamas, Hezbollah e Resistência Islâmica do Iraque.
O Ministério do Interior do Iraque informou, em comunicado oficial, que “manifestantes da Resistência Islâmica” forçaram a entrada nos estúdios de TV, onde quebraram e queimaram equipamentos técnicos antes de fugir do local.
“Eles causaram apenas danos materiais”, acrescentou a nota, que não quantificou o valor dos prejuízos causados nem quantas pessoas estavam envolvidas no incidente, já que eles fugiram antes da chegada da polícia, que não conseguiu efetuar nenhuma prisão na ocasião.
A reportagem veiculada pelo canal e que acirrou os ânimos dos agressores chamou de terroristas os membros do grupo terrorista islâmico Hamas, do grupo libanês Hezbollah e da amálgama de grupos que compõem a Resistência Islâmica do Iraque, que foram mortos por militares israelenses durante este ano de guerra.
Intitulada “O mundo se livrou neste milênio de inúmeras personalidades terroristas que aterrorizaram o mundo e derramaram sangue”, a reportagem inflamou dezenas de simpatizantes das organizações mencionadas – que fazem parte da aliança terrorista informal “Eixo da Resistência” liderada pelo Irã – que se reuniram na porta da sede da empresa que acabaram invadindo, de acordo com vídeos compartilhados pela imprensa.
O parlamentar iraquiano Mostafa Sanad disse em sua conta no Facebook que o canal MBC IRAQ, apoiado pelo governo iraquiano, “não tem lugar no Iraque” e que ele “trabalhará para cancelar sua licença de transmissão”, considerando que o meio de comunicação é simpático a países terceiros que se opõem aos chamados grupos de resistência à causa palestina.
O Hamas condenou a reportagem em uma declaração na qual descreveu o conteúdo da MBC como “obscurantista e inflamatório contra o movimento e seus líderes, descrevendo as ações da resistência palestina contra o ocupante como terrorismo”.
De acordo com o grupo islâmico, o vídeo é “um fracasso profissional, midiático e moral que é consistente com a propaganda e a narrativa sionista que busca demonizar a resistência e seus símbolos”.
O incidente ocorreu um dia após o assassinato, pelos militares israelenses, de Yahya Sinwar, principal líder do Hamas na Faixa de Gaza, somando-se à longa lista de líderes do grupo e do Hezbollah que o Estado judeu eliminou desde o início da guerra em 7 de outubro de 2023.