Secretário do Exterior britânico anuncia revisão de perseguição cristã em todo o mundo

Partido Comunista Chinês está tentando reescrever a Bíblia para "sinicizar" o cristianismo

28/12/2018 10:49 Atualizado: 28/12/2018 10:55

Por Amy Tang

Enquanto milhões de pessoas em todo o mundo celebravam o significado do Natal, o ministro das Relações Exteriores britânico Jeremy Hunt, anunciou uma revisão global da perseguição cristã em 26 de dezembro. A revisão visa encontrar medidas práticas para ajudar os cristãos em face da intensificação da perseguição contra eles em certas partes do mundo.

Em um artigo publicado no mesmo dia, Hunt explicou suas razões para comissionar a revisão.

Hunt começou com algo que o atingiu – cristãos no Ocidente, como ele e sua família, tomam como certo que podem desfrutar pacificamente de um culto de Natal enquanto “outros ao redor do mundo estão enfrentando morte, tortura e prisão pelo mesmo motivo”.

“Cerca de 215 milhões de cristãos sofrem perseguição”, disse Hunt, citando estatísticas do Portas Abertas, um grupo de defesa cristão.

Em seu artigo, Hunt se referiu a casos específicos de perseguição cristã, incluindo um em 2017, em que um homem-bomba atacou uma catedral cristã no Egito, matando 17 pessoas na congregação.

Jeremy Hunt se encontra com o Arcebispo de Canterbury e as vítimas cristãs de perseguição em Londres, Reino Unido, em 20 de dezembro de 2018 (Victoria Jones – WPA Pool / Getty Images)

Hunt também destacou o obstáculo causado pelo politicamente correto em responder à perseguição dos cristãos.

“Seja qual for a causa, nunca devemos permitir que o politicamente correto possa inibir nossa resposta à perseguição de qualquer comunidade religiosa”, disse Hunt.

Philip Mounstephen, bispo de Truro, agora conduzirá uma revisão independente com foco em países do Oriente Médio, África e Ásia. A análise “verificará o apoio britânico e recomendará uma resposta política abrangente”, informou a Reuters.

“É hora de repetir essa mensagem de esperança para a igreja perseguida em todo o mundo; com nossas ações, bem como com nossas palavras”, disse Hunt no final de seu artigo.

Um desafio de ideologia

Controlada por um regime comunista, a Coréia do Norte ocupa a posição número um na lista do país mais perigoso para praticar a fé cristã.

“O Estado considera a propagação do cristianismo uma ameaça particularmente séria, uma vez que desafia ideologicamente o culto oficial da personalidade”, diz um relatório das Nações Unidas de 2014.

Enquanto a Coréia do Norte elimina o desafio da ideologia, deportando os crentes para campos de trabalho ou matando-os, sua vizinha, a China, adapta métodos diferentes.

Durante uma audiência na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Bob Fu, o fundador e presidente da China Aid, disse ao Congresso que o Partido Comunista Chinês (PCC) está tentando reescrever a Bíblia como parte de um plano de cinco anos, em suas palavras o PCC quer “sinicizar” o cristianismo. Ao longo de sua história, o PCC frequentemente usou slogans de patriotismo e nacionalismo para incitar as massas por trás de sua agenda política, conforme o livro Nove Comentários sobre o Partido Comunista.

Fu disse que além de “retraduzir” o Antigo Testamento, o plano também propunha promover ideais socialistas em comentários ao Novo Testamento. Ele acrescentou que o plano era também “re-traduzir a Bíblia ou reescrever comentários bíblicos”, relatou o Christian Post.

Além disso, o PCC também proibiu as vendas on-line do livro sagrado em abril, de acordo com o Epoch Times.

Aqueles que se recusam a seguir a regra do PCC sobre religião enfrentam prisão, tortura e a demolição de suas igrejas.

Menos de três semanas antes do Natal, mais de 100 cristãos de casa- ou cristãos que não se registram no governo – foram presos durante um ataque da polícia chinesa, alguns deles foram espancados depois de serem levados pela polícia, segundo um relatório da Human Rights Watch.

No entanto, até mesmo os cristãos na China que se registram no governo enfrentam a supressão. Milhares de cruzes nas igrejas foram removidas. Algumas igrejas sancionadas pelo estado receberam avisos que proíbem a presença de menores e membros do partido e que o hino nacional comunista deve ser cantado durante alguns cultos da igreja.

As pessoas na China, cristãs ou não, também foram desencorajadas a celebrar o Natal. A cidade de Langfang, perto de Pequim, baniu todas as vendas e decorações relacionadas ao Natal este ano.

A onda de perseguição intensificada enfrentada pelos cristãos é parte dos contínuos esforços do PCC para impor sua ideologia ateia à todas as religiões praticadas na China, já que o PCC sempre viu uma lealdade dividida entre fé espiritual e marxismo como uma ameaça ao seu governo, de acordo com alguns especialistas da China.

 

Parte dos edifícios destruídos do grupo da igreja em 13 de setembro (ChinaAid)

O PCC exige lealdade das religiões, incluindo o outrora amplamente praticado Falun Gong, o budismo tibetano e o islamismo. O Falun Gong, uma antiga disciplina espiritual chinesa, tem sido brutalmente perseguida pelo PCC há mais de 19 anos. De acordo com o Faluninfo.net, um dos principais motivos pelos quais o PCC lançou sua perseguição ao Falun Gong é que os ensinamentos de Verdade, Compaixão e Tolerância eram uma ameaça ao controle ideológico do PCC. No momento em que a perseguição começou, cerca de 100 milhões de pessoas estavam seguindo a disciplina espiritual.

Esse mesmo tipo de perseguição também tem sido relatada contra os muçulmanos uigures e outros muçulmanos de minorias étnicas à medida que o PCC amplia seu controle sobre o país. Pelo menos um milhão de uigures, incluindo alguns que praticam o islamismo, estão atualmente detidos em campos de concentração na remota região noroeste de Xinjiang.

De NTD.com