As campanhas sobre o destino do Reino Unido na União Europeia (UE) recomeçaram neste domingo (19/06), depois de três dias de interrupção devido à morte da deputada Jo Cox, que era contra o Brexit (saída do país do bloco). Na proximidade da realização de um referendo referente ao assunto, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, declarou que o país se defronta com uma “escolha existencial” e que “não há como voltar atrás” depois dela.
O premiê, líder na campanha pela conservação do Reino Unido no bloco europeu, declarou que haverá prováveis prejuízos para o comércio e os investimentos caso o Brexit vença na votação aguardada para o dia 23. Ele advertiu que uma “provável recessão” deixaria o país “permanentemente mais pobre”.
“Se você não tem certeza, não assuma o risco de sair [da UE]. Se você não sabe, não vá [votar]”, declarou Cameron para o jornal The Sunday Telegraph. “Se saíssemos, e logo isso se revelasse como um grande erro, não haveria uma maneira de mudar de ideia e ter outra chance”, advertiu.
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Divisão entre o eleitorado
Duas pesquisas de opinião publicadas neste sábado mostraram que o “Remain” (continuidade na UE) está retomando fôlego, mas o panorama geral é de um eleitorado dividido. Os dois lados contam apenas com mais cinco dias para ganhar votos, por isso recomeçaram as campanhas com entrevistas e artigos em jornais, reanimando o debate sobre imigração versus economia.
Michael Gove, representante da campanha pelo “Leave” (saída da UE), declarou que, na verdade, o Brexit pode trazer resultados positivos para a economia britânica. “Não acredito que sair da União Europeia pioraria nossa posição econômica, acho que melhoraria”, falou em entrevista ao The Sunday Telegraph.
Gove e Cameron elogiaram Cox igualmente, ela que defendia a continuidade do Reino Unido na UE, que foi esfaqueada e levou dois tiros na última quinta-feira. O falecimento da deputada abalou o país e despertou incertezas sobre o teor da campanha sobre o Brexit. Um homem de 52 anos, acusado do assassinato, compareceu a um tribunal de Londres neste sábado.
Ao tabloide Mail on Sunday, o ministro das Finanças britânico, George Osborne, declarou que está seguro de que o que falta do debate pré-referendo pode ser realizado com um matiz menos divisório. “Tenhamos menos retóricas incendiárias e discursos sem fundamento, e mais fatos e argumentos sustentados”, sugeriu.