‘Se sairmos, não há como voltar atrás’, adverte Cameron sobre ‘Brexit’

20/06/2016 13:21 Atualizado: 20/06/2016 13:21

As campanhas sobre o destino do Reino Unido na União Europeia (UE) recomeçaram neste domingo (19/06), depois de três dias de interrupção devido à morte da deputada Jo Cox, que era contra o Brexit (saída do país do bloco). Na proximidade da realização de um referendo referente ao assunto, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, declarou que o país se defronta com uma “escolha existencial” e que “não há como voltar atrás” depois dela.

O premiê, líder na campanha pela conservação do Reino Unido no bloco europeu, declarou que haverá prováveis prejuízos para o comércio e os investimentos caso o Brexit vença na votação aguardada para o dia 23. Ele advertiu que uma “provável recessão” deixaria o país “permanentemente mais pobre”.

“Se você não tem certeza, não assuma o risco de sair [da UE]. Se você não sabe, não vá [votar]”, declarou Cameron para o jornal The Sunday Telegraph. “Se saíssemos, e logo isso se revelasse como um grande erro, não haveria uma maneira de mudar de ideia e ter outra chance”, advertiu.

Leia também:
Estado Islâmico divulga ‘lista da morte’ que inclui brasileiros
Capriles acusa Brasil de ‘indiferença’ diante da crise na Venezuela
Rabinos citam transplantes ilegais em carta contra cooperação de saúde com China

Divisão entre o eleitorado

Duas pesquisas de opinião publicadas neste sábado mostraram que o “Remain” (continuidade na UE) está retomando fôlego, mas o panorama geral é de um eleitorado dividido. Os dois lados contam apenas com mais cinco dias para ganhar votos, por isso recomeçaram as campanhas com entrevistas e artigos em jornais, reanimando o debate sobre imigração versus economia.

Michael Gove, representante da campanha pelo “Leave” (saída da UE), declarou que, na verdade, o Brexit pode trazer resultados positivos para a economia britânica. “Não acredito que sair da União Europeia pioraria nossa posição econômica, acho que melhoraria”, falou em entrevista ao The Sunday Telegraph.

Gove e Cameron elogiaram Cox igualmente, ela que defendia a continuidade do Reino Unido na UE, que foi esfaqueada e levou dois tiros na última quinta-feira. O falecimento da deputada abalou o país e despertou incertezas sobre o teor da campanha sobre o Brexit. Um homem de 52 anos, acusado do assassinato, compareceu a um tribunal de Londres neste sábado.

Ao tabloide Mail on Sunday, o ministro das Finanças britânico, George Osborne, declarou que está seguro de que o que falta do debate pré-referendo pode ser realizado com um matiz menos divisório. “Tenhamos menos retóricas incendiárias e discursos sem fundamento, e mais fatos e argumentos sustentados”, sugeriu.