Scholz defende viagem à China como de “sondagem”, não “continuísmo”

Por Agência de Notícias
02/11/2022 20:14 Atualizado: 02/11/2022 20:14

O governo da Alemanha defendeu a próxima viagem do chanceler Olaf Scholz à China, onde planeja se encontrar com o presidente Xi Jinping, como sendo de “sondagem”, e não um mero “continuísmo” que marcou as sucessivas visitas de sua antecessora, Angela Merkel, ao país asiático.

Fontes do governo informaram nesta quarta-feira sobre a viagem que o chanceler alemão fará amanhã e cuja agenda de trabalho será concentrada em um único dia, na sexta-feira.

Berlim espera que a China possa usar sua posição como “aliada” da Rússia para “persuadi-la” a acabar com a guerra na Ucrânia e lembra a “responsabilidade especial” do país como membro do Conselho de Segurança da ONU.

Moscou rompeu “com todos os princípios fundamentais” da ONU com sua “brutal agressão” contra o país vizinho, e nada “pode continuar como está”, disse uma das fontes.

Scholz viajará com uma pequena delegação de empresários envolvidos em “segmentos muito específicos”, o que não confere à visita o caráter das anteriores, feitas regularmente por Merkel.

Durante seus 16 anos no poder, a chanceler conservadora viajou para a China quase todos os anos, sempre acompanhada por representantes das principais empresas alemãs.

O anúncio da viagem de Scholz provocou muitas críticas, inclusive de alguns dos principais aliados internacionais da Alemanha, como a França e os Estados Unidos.

“Mas ninguém nos disse: não vá”, disse a fonte do governo, falando sob condição de anonimato, em relação a receios franceses e americanos.

Dentro do próprio governo alemão houve algumas controvérsias sobre a viagem, especialmente por parte da ministra das Relações Exteriores, Annalena Baerbock, que defende uma linha mais crítica em relação à China do que a mantida há décadas por Berlim.

Por sua vez, o ministro das Finanças, Christian Lindner, alertou para a necessidade de “preservar” infraestruturas críticas da “influência excessiva de certos países”, em referência à controversa participação de uma empresa estatal chinesa em um terminal no porto comercial de Hamburgo.

Lindner admitiu que a China não pode ser “desacoplada” das relações comerciais com a Alemanha, mas pediu uma globalização “reinventada”, com prioridade aos parceiros comerciais com base em “valores compartilhados”.

A controvérsia sobre as relações comerciais com o gigante asiático ocorre em um momento em que Berlim reduziu rapidamente sua dependência energética da Rússia no contexto da guerra na Ucrânia.

 

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