Sanções dos EUA incluiriam ação contra elites de Moscou, se a Rússia invadir a Ucrânia

EUA e outros países usaram essa estratégia para sancionar elites russas em 2014, quando o Kremlin anexou a Crimeia

01/02/2022 09:17 Atualizado: 01/02/2022 09:17

Por Nick Ciolino 

A resposta proposta pelos EUA no caso de uma invasão russa da Ucrânia inclui sanções às elites russas e seus familiares, de acordo com a Casa Branca.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, afirmou a repórteres na segunda-feira que os Estados Unidos estão considerando pacotes de sanções contra membros do círculo interno russo que desempenham um papel na tomada de decisões do governo ou são, “no mínimo, cúmplices do comportamento desestabilizador do Kremlin”.

“Muitos desses indivíduos são alvos particularmente vulneráveis, por causa de seus laços financeiros aprofundados com o Ocidente, o que significa que seriam prejudicados por sanções que os vinculam aos sistemas financeiros ocidentais”, afirmou Psaki.

Os Estados Unidos e outros países usaram essa estratégia para sancionar as elites russas em 2014, quando o Kremlin anexou a Península da Crimeia.

Psaki observou na segunda-feira que as sanções contra indivíduos são apenas uma parte do que está sendo considerado no caso de uma invasão russa da Ucrânia, declarando que as sanções “atingiriam a Rússia de todos os ângulos”, incluindo partes importantes do sistema financeiro.

No fim de semana, pelo menos dois senadores dos EUA afirmaram que o Senado está perto de chegar a um acordo sobre uma legislação que sancionaria preventivamente a Rússia por suas ações na Ucrânia, independentemente de Moscou se mover para invadir ou não.

“Certamente estamos encorajados pelo fato de que há discussões bipartidárias sobre como responsabilizar a Rússia, como ter um impacto dissuasor”, afirmou Psaki, acrescentando que a Casa Branca está nessas conversas com o Congresso e espera continuar.

A Rússia acumulou dezenas de milhares de soldados ao longo de sua fronteira com a Ucrânia nas últimas semanas, bem como na Crimeia e na Bielorrússia, anexadas à Rússia. A contagem de tropas russas, juntamente com artilharia pesada e armamento antiaéreo nesses locais aumentou no último fim de semana, relatou o secretário de imprensa do Departamento de Defesa dos EUA, John Kirby, na segunda-feira.

Em uma entrevista coletiva em Kiev na sexta-feira, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu à mídia e aos líderes ocidentais que reduzam a retórica sugerindo uma invasão russa iminente, afirmando: “Não precisamos desse pânico”.

Psaki respondeu na segunda-feira, declarando que o governo Biden sente que é importante ser “aberto e sincero” sobre a ameaça da Rússia.

“Não posso falar sobre a motivação ou o raciocínio dos comentários da liderança ucraniana, só posso falar sobre quais são nossos esforços aqui”, declarou Psaki.

Autoridades dos EUA vêm afirmando há mais de uma semana que a Rússia pode invadir “a qualquer momento”. Eles também acusaram o Kremlin de espalhar desinformação destinada a desestabilizar a Ucrânia, incluindo tentativas de criar um pretexto para invasão por meio do uso de bandeiras falsas.

A Rússia negou repetidamente que esteja planejando uma invasão. Em uma reunião do Conselho de Segurança da ONU na segunda-feira, solicitada por Washington, o embaixador da Rússia na ONU declarou que a afirmação do Ocidente de que haviam reunido 100.000 soldados perto da Ucrânia não havia sido confirmada pela ONU e não havia provas de que a Rússia estava planejando uma ação militar.

Ele afirmou que a conversa dos EUA sobre a guerra era “provocativa”, que a Rússia frequentemente desdobrava tropas em seu próprio território e que a crise da Ucrânia era uma questão doméstica.

A Rússia também exigiu que a OTAN prometesse não permitir que a Ucrânia se juntasse à aliança, interrompesse o envio de armas da OTAN perto das fronteiras da Rússia e retirasse suas forças da Europa Oriental. A OTAN e os Estados Unidos rejeitaram essas exigências.

A Reuters contribuiu para esta reportagem.

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